Covid-Orgânico turbina presidente africano

O Presidente Andry Rajoelina em sua campanha de marketing
O que têm em comum os presidentes Jair Bossonaro e Andry Rajoelina, de Madagascar? Ambos se apoiaram em métodos nada ortodoxos para chegar ao poder: disseminação de fake news, uso maciço de robôs nas redes sociais e linchamento moral de adversários. Ambos dividem ainda outro traço.  Enquanto no Brasil Bolsonaro é garoto propaganda da controversa cloroquina, que já provocou a morte de pacientes, Rajoelina alardeia o Covid-Orgânico (CVO) para combater a pandemia, turbinando sua popularidade em seu país e na própria África. Até o início de maio foram registrados lá apenas 193 infectados e nenhum óbito.
O líder africano não perde oportunidade de se deixar fotografar com uma garrafinha do chá de ervas local, apresentada ao mundo em abril durante coletiva de imprensa no Instituto Malgaxe de Pesquisa Aplicada, como resultado da “sabedoria milenar da medicina tradicional africana”. A história foi pinçada pelo jornalista Alexandre dos Santos e publicada no site Colabora.
Apesar do estudo feito no país ter se restringido a apenas 20 pessoas, três semanas antes do lançamento, a panaceia injetou popularidade no líder africano, que já não ia muito bem das pernas, e projetou sua imagem com as doações do ‘elixir milagroso’ em países vizinhos. Foi o caso do Congo, presenteado com garrafinhas quando o país contava 274 casos e 10 mortos. O mesmo ocorreu com a Guiné-Equatorial, que contabilizava 439 casos e 10 óbitos. 
O sucesso do Covid-Orgânico levou o escritório regional da OMS na África a condenar o uso de medicamentos não submetidos a rigorosos controles de qualidade, mesmo quando derivados de substâncias naturais. O Centro de Prevenção e Controle de Doenças da União Africana também reagiu. Solicitou ao governo malgaxe tornar públicos os resultados dos testes com o chá e a relação de seus componentes. Até agora, o único confirmado é a artemísia, assim como a cloroquina, usada contra a malária.
Enquanto o tal chá mal não faz, o uso em altas dosagens para combater a Covid-19 já causou mortes, como a do médico baiano Gilmar Lima, entre outras, que se automedicou com a cloroquina. Até agora, a única explicação plausível à obsessão de Bolsonaro é sua iniciativa de encomendar ao Exército a multiplicação da produção da droga. E ele joga bem pesado para escapar desse mico.  
Os famosos baobás de Madagascar
  


Comentários

  1. E nós, pobre de nós, estamos aqui a mercê de predadores como pacientes anestesiados.
    Até quando?

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  2. O Trump faz uso da cloroquina, deu no NYT. Toma 1 comprimido por dia, preventivamente.
    O que isto sugere?

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