Será que nem o impeachment resolve?
Não consigo
reconhecer meu país, onde circulam memes denegrindo Paulo Freire com a imagem
de Paulo Coelho, onde ignorantes que nunca ouviram falar em Marx taxam o comunismo
– que até na China sucumbiu ao capitalismo - de corrupção; onde chegamos ao
saldo sub-notificado de 13.993 mortes e o presidente – que nunca lamenta esses
óbitos ou aplaude o hercúleo trabalho dos profissionais de saúde - promove uma
reunião ministerial para reclamar da segurança de sua família. E, para
culminar, a AGU usa como pretexto as baixarias proferidas no encontro para
editar a íntegra do conteúdo, dando margem a interpretações que subjugam nossa
inteligência.
Vivemos a
mais grave crise sanitária já enfrentada nos últimos séculos – o astrólogo e mentor
intelectual do clã tem a coragem de declarar que a pandemia não existe – e o
presidente troca o ministro da Saúde, em meio à ascensão de óbitos cujo ápice
ainda não foi atingido (e ninguém sabe quando chegará porque a testagem
inexiste). Isso para uma cópia piorada de Mandetta. Que médico poderia defender
o relaxamento do isolamento numa hora dessas? Que médico poderia encampar uma
substância cujo uso ainda não foi aprovado pela ciência? Pior: em processo de
fritura porque, assim como o antecessor, não faz o que o chefe quer.
Nessa comédia de erros, convoca os empresários a subverter os governadores, ainda bem, respaldados pelo STF para protagonizar o controle da pandemia. E compara o Brasil à Suécia, um mau exemplo de atuação sanitária.
Nessa comédia de erros, convoca os empresários a subverter os governadores, ainda bem, respaldados pelo STF para protagonizar o controle da pandemia. E compara o Brasil à Suécia, um mau exemplo de atuação sanitária.
O
impeachment parecia um horizonte diante dessa bizarra sequência de desatinos.
Parecia um alívio que o vice assumisse, com seu discurso equilibrado em
contraste com a interminável sequência de absurdos do chefe. Após começar com um desempenho mais esclarecido, entretanto, desagradou ao clã. Agora, Mourão disse ao
que veio ao Estadão: apontou quatro razões para o país causar tanto
mal a si mesmo. Nenhuma delas, claro, é o alucinado que dirige a nação,
deixando nas entre linhas a democracia como vilã. Ou será que tudo não passou de jogo de cena para fazer média com Bolsonaro? Esperança é a última que morre...
Em 1964,
quando os militares deram o golpe, havia uma promessa de consertar a casa para
a volta da democracia. Outro golpe da extrema-direita dentro do golpe, contudo,
arrastou o país a nefastos 20 anos de ditadura. Os empresários que deram
respaldo àquele movimento devem ter conseguido tirar o seu proveito. Dessa vez, no
entanto, será que eles estão satisfeitos com o mais forte derretimento da moeda
entre os países emergentes?
Quem em sã consciência ainda é capaz de apoiar um alucinado desses? Onde foi
parar a reação a essa sequência de despropérios? A indignação atinge níveis
estratosféricos e, na contra mão, as panelas se calam. Por quê?
REsolver mesmo... só voltando no tempo e fazendo outra eleição... mas o impeachment, mesmo com o Mourão entronizado, já era um adianto, pois nos livraria da cloroquina, do 01, 02, 03 e principalmente do 00.
ResponderExcluirCom certeza, mas isso seria impossível em tempos de pandemia. Em que enrascada nos metemos!
ExcluirA sociedade é imatura politicamente e por isso vai ter que conviver com o JMB por 4 anos. Precisamos aprender a votar. Na última eleição não tínhamos opção. Deixar o PT no poder seria um caminho sem volta, porque só tinham LADRÕES. O problema de um impeachment é que o sucessor seria um general de 4 estrelas e você não consegue nada pior que isso. Não tem 5 estrelas. Eu não quero correr o risco de ter um 4 estrelas sentado na presidência. De lá eles não sairiam tão cedo.
ResponderExcluirMorão parecia uma voz mais razoável do que a desse celerado. Hoje ouvi uma análise politica dizendo que o artigo dele no Estadão pode dar margem a várias interpretações...
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