Dança na beira do abismo

 


Gabeira e a imortal Rosiska de Oliveira deram shows em suas colunas. Após brincar com a tubaína, Gabeira ironizou, “com uma boa renda social , uma renda cidadã, Santa Cruz, Brasil, não importa o nome, vencemos as eleições e conquistamos o direito de seguir tomando nossa tubaína, como os artistas tomavam seu absinto no Pós-Guerra”.    

Todos sabemos que a renda emergencial foi um desconhecido e bem vindo efeito colateral da pandemia. O governo liberal do Posto Ipiranga jamais projetou investir nos mais pobres e necessitados. Ninguém contava, contudo, com o tamanho da crise que adviria da pandemia do coronavírus.

Era ajudar ou morrer. O que eles ainda não sabiam era que essa ajuda seria definitiva na manutenção desse governo mambembe, sem rumo ou com propostas concretas para aliviar a dor coletiva.

“Não sei se é um consolo, mas pelo menos a prisão de Queiroz nos levou de novo ao passado da redemocratização e nos afastou um pouco dos tempos da ditadura”.  

Será que todos se deram conta de que após a prisão de Queiroz aquele papo de “já deu” murchou? Simplesmente porque os militares não toparam dar um golpe com alguém mais sujo do que pau de galinheiro, apesar do prestígio oferecido à tropa.

“Antes precisa resolver a questão de Queiroz, que é, na verdade, a questão de seu filho, da família, dele próprio. Os convivas, políticos e juízes do STF não percebem que bebem uma tubaína envenenada. Mas isso não é tão importante para eles. A dança típica da capital é sempre dançada diante do abismo”, descreveu magistralmente Gabeira.

Rosiska, por sua vez, relembrou a reação das redes sociais, que recomendaram a queima da imagem de Paulo Coelho, achando que queimavam a de Paulo Freire. Ignorância bossal. A equivocada atitude, porém, recebe uma análise certeira. “Dois grandes brasileiros. Autoritários temem escritores. Por ódio, queimam os livros.”


Rosiska prossegue: “Esses brutos têm uma versão do que é o bem e o mal, o certo e o errado (assim como Damares preferiu condenar a menina estuprada ao papel de vilã), e a obsessão de controlar e proibir. (...) Quem queima livros não conhece a metáfora viva que cria. Reduz a cinzas o que se escreveu, ritual de aniquilamento”, expôs.

E assim como eles não sabiam que o auxílio emergencial – agora perseguido a unhas e dentes – poderia ser a salvação da ‘pátria’, Rosiska alerta: “Só que as cinzas são bom adubo. Ideias queimadas costumam fertilizar ideias e renascer ainda mais frondosas”. 

E conclui: “O pacto de liberdade entre quem escreve e quem lê não queima ao fogo da barbárie. É uma fênix, irreverente e fiel.”                  

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