Democracia em risco

 


A reação demorou, porém chegou. A intervenção de Bolsonaro na Abin, comandada pelo mesmo Ramagem que o presidente queria levar para a PF, e ao GSI , do amigo general Augusto Heleno, para ajudar a livrar a cara do 01 e de Fabrício Queiroz foi denunciada pela Revista Época semana passada. A ideia era jogar uma pá de cal nas investigações sobre o esquema das rachadinhas. Ontem, finalmente, foi aberta uma tentativa de CPI para esclarecer o episódio.

Como esclareceu Amado, as advogadas de Flávio Bolsonaro teriam encontrado filigranas nas denúncias de irregularidades levantadas pelo Coaf contra ele e Queiroz. Como as duas não conseguiam ir adiante no processo, Bolsonaro escalou Ramagem e Heleno para uma reunião no Planalto. Daí em diante, a dupla que comanda dois órgãos fundamentais para a segurança do país passou a ficar a serviço das angústias presidenciais. Apenas mais um exemplo.

Assim como o PGR Augusto Aras atua escancaradamente para atender os interesses daquele que ignorou a lista tríplice e o alçou ao cargo, que deveria ser exercido para o bem do país, Bolsonaro também botou a Abin no bolso. O GSI, por sua vez, órgão responsável pela assistência direta e imediata ao presidente no assessoramento pessoal em assuntos militares e de segurança, virou quase que um gestor familiar.

Se alguém não entendia direito a reação de Sérgio Moro à intenção de Bolsonaro de interferir na PF, a investida clareia a história. Independente do mérito de Moro no episódio, após assistir calado a uma sucessão de absurdos – como o comportamento presidencial diante da pandemia –, está na cara que Bolsonaro paga qualquer preço para proteger os seus. Tanto é que seu comportamento mudou da água para o vinho após a prisão de Queiroz, o tiro n’água para um eventual apoio militar ao golpe desejado pelo presidente e seus aliados.

E em meio ao compulsório recolhimento provocado pela pandemia, que impediu reações maiores às estocadas que a democracia tem sofrido, Bolsonaro força a barra e estica a corda para ver até onde vai dar.

Só que o inquérito sobre a PF passou das mãos do decano Celso de Mello para as de Alexandre de Moraes, que tem dado mostras de que não vai deixar barato. E agora a oposição começa a reagir a mais um abuso. São indícios de que, mesmo que demore, a Justiça pode não falhar.  

Caso isso não aconteça, pagaremos muito caro com uma eventual reeleição desse aprendiz de ditador, o despreparado ex-capitão que nos governa.       

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