Riscos da contaminação ideológica
Enquanto vivemos uma redobrada incerteza por conta do uso político da vacina contra o coronavírus, a história mostra que tudo começou em 1721. Foi nesse ano que o pastor Cotton Mather, respeitada autoridade religiosa da pequena Boston tentou combater a epidemia da varíola, que matava a rodo.
Usou a técnica oriental da inoculação. Consistia em expor as pessoas aos líquidos
dos que tinham versões fracas da doença. Alguns dos inoculados morriam, em
proporção menor ao que o mal matava. O reverendo, que defendia que o risco
compensava, foi alvo de uma bomba em sua casa.
Na Inglaterra, a vacina surgiu por Edward Jenner e gerou confusões em todo o país. Até que, em 1853, o liberal Lord Aberdeen tornou obrigatória a vacinação contra a varíola. Em 1904, Oswaldo Cruz enfrentava a Revolta da Vacina, no Rio.
E foram as duas
gotinhas do Dr. Sabin, para deter a poliomielite, que paralisava seus
portadores, que começou a resgatar a confiança nas vacinas, a partir de 1962, quando também aumentava a confiança na ciência.
Os atuais movimentos antivacina nasceram de uma equivocava publicação de 1998 da Revista Lancet, relacionando o autismo à vacina tríplice.
Daí em diante, a tendência infectou a direita e a esquerda. Os primeiros se agarram a teorias conspiratórias, como
a de que nações estrangeiras desenvolvem formas de adoecer cidadãos para
dominá-los. A esquerda, por sua vez, busca uma vida menos sujeita aos
artificialismos, e considera que as vacinas não passariam de lucrativos negócios para seus fabricantes.
O comportamento reacionário, de ambos os lados, já levou, por exemplo, à volta do sarampo, que estava erradicado desde 2016. E a pandemia surgiu nesse caldeirão. A ciência já deixou claro que o controle sobre o coronavírus é diretamente relacionado ao volume de pessoas que se vacinarem.
Segundo pesquisa
do Datafolha de agosto, 89% dos brasileiros querem se vacinar (se Bolsonaro
deixar...). Levantamento da Nature aferiu que 71,5% da população de 19 países pretendem se vacinar, tão
logo o imunizante for declarado seguro pelas agências sanitárias. (Fonte: Meio)
Como fez desde
o início da pandemia, Bolsonaro só atrapalha. Só se espera que sua postura
errática não contamine os brasileiros ávidos em se proteger e fazer a sua parte para acabar
com esse pesadelo.
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