Canhões ao vírus e armas às milícias

 

Estava no Jornal do Brasil, em 2018, quando me surpreendi com a resiliência da greve de caminhoneiros que botou o país de joelhos. 

Na época, não havia a interpretação de quem estava por trás do movimento. Hoje se sabe que a orquestração era regida pela extrema direita e pelos correligionários que se formavam em torno de Bolsonaro.

O mesmo que, para manter a fidelidade à categoria, demitiu o presidente da Petrobras e, só na largada, causou prejuízos de R$ 28 bilhões, algo similar ao que fez Dilma, que terminou por levar a empresa de economia mista à falência.

 Daquela vez, contudo, o ato populista se voltava a uma parcela bem mais ampla da população.

Não há dúvidas de que Guedes já deve estar com seu saco na lua. Claro que ele já percebeu que o chefe não tem nada de liberal, assim como Sérgio Moro sacou que Bolsonaro só falava em corrupção da boca para fora. 

Até hoje não houve uma privatização ou movimento do governo a uma economia liberal, enquanto os podres do clã são postergados pelo aparelhamento de nossas instituições.    

Em entrevista ao Estadão, o ex-ministro e economista Mendonça de Barros lembrou que o governo poderia criar um seguro para os caminhoneiros para absorver os impactos dos aumentos dos combustíveis. 

Algo a ser administrado pelo Banco do Brasil e bancado com recursos fiscais, ou alguma solução que preservasse "os interesses da Petrobras e também atendesse às reivindicações dos caminhoneiros”, como não foi o caso desse terremoto provocado na empresa.

Sabemos o quão volátil são os preços do petróleo e do dólar, que o norteia. Em menos de dois meses de 2021 o diesel já subiu 27%. À frente da Petrobras, Roberto Castello Branco -, segundo Merval Pereira, se recusou a investir R$ 100 milhões em publicidade na Record e no SBT -  autorizou a sequência de aumentos, enquanto Guedes assistia impassível à cena, insuportável para um populista como Jair Bolsonaro. 

Deu no que deu. Agora temos mais um general à frente de um dos mais altos cargos do país. Também já sabemos que ou ele obedece ordens ou entrega o capacete.

Como aconteceu com os ministros Mandetta e Teich na Saúde. Pazuello entubou as orientações do presidente, turbinou a cloroquina – cuja fabricação continua a todo o vapor -, ignorou o distanciamento, não antecipou a compra das vacinas e nos conduziu a esse tenebroso cenário, de mais de 10 milhões de infectados e 250 mil mortos. 

A pandemia está em queda no planeta e sobre por aqui.

A ameaça da vez é a energia. Onde será que Bolsonaro quer chegar? Será que vai dar um jeito de abrir mais uma vaga para outro milico? Será que ele acha que vai acabar com a pandemia sob rajadas de metralhadoras? Seu investimento são em canhões aos vírus e armas às milícias.

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