De volta à majestade

 


O Parque Guinle volta a viver seus momentos de glória, com a restauração do portão que saiu de Paris em 1911, das forjas da Schwartz & Meurer, no Boulevard de La Villete, direto para o parque que ornava o palacete do industrial Eduardo Guinle (1846-1912). A prefeitura chegou a ser condenada pela Justiça a realizar a obra, que acabou tocada, por seis meses, pelo projeto Revitaliza Rio, iniciativa da Carioca DVA e do ICCC, em parceria com a produtora Das Lima. O financiamento veio da iniciativa privada pelas leis de incentivo à Cultura.

O restauro foi chancelado pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade e executado pela Concrejato. Valeu a pena. Com sua majestade, tombado pelas três esferas de poder, o portão voltou a ser o mais belo e aristocrático da cidade.

Para uma antiga frequentadora como eu, estranhei que os anjos sobre a as esfinges, antes no cinza chumbo do bronze, agora são dourados, como em 1912, quando o conjunto foi inaugurado. Os leões que ladeiam o portão, reproduções da obra de Louis Lerambert do Palácio de Versailles, também entraram no banho de loja, assim como todo o conjunto, com sua infinidade de peças.

Com uma visitação crescente, desde que a aposentada Nedina Levy começou seu trabalho de recuperar o parque, daqui para a frente são apenas filigranas, se comparadas a todo o esforço dos últimos vinte anos para recuperar não apenas a beleza e imponência, como a segurança do espaço.

Adotado este ano pela aposentada Cláudia Lustosa, o paisagismo dos 24.750m² é assinado pelo artista plástico Pablo Menezes. Projeto do paisagista francês Gérad Cochet, a área ganhou intervenções de Roberto Burle Marx, após o palacete - hoje moradia do governador - ganhar o conjunto de prédios modernistas projetados por Lúcio Costa. E é com esse salto do barroco ao modernismo que se preocupa Menezes: “A Parque e Jardins não tem o mapa do projeto de Burle Marx e têm ocorrido descaracterizações”, diz, como, por exemplo, substituir a fruta pão que caiu por uma mangueira.
Os visitantes também podem apreciar a magnífica floração das bromélias que Menezes introduziu no espaço.

No mais, entre patos, gansos e marrecos que povoam o lago e seus arredores, Romeo, o cisne viúvo de Julieta – assassinada a pauladas por um visitante -, tem praticado o incesto com a filha Goiabinha. Na cria anterior, ela rejeitou um dos quatro filhotes e na última, no mês passado, dois dos três ovos que vingaram. A cisne é afetada pelo drama da consanguinidade, o que obriga os responsáveis pelas aves a levar os filhotes para longe da mamãe, enquanto não se encontra outra solução.       

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