Milagres do aparelhamento

 


O matador Adriano Nóbrega, ex-capitão do Bope e líder do Escritório do Crime, foi assassinado 9 de fevereiro de 2020 na controversa operação que dividiu policiais da Bahia – onde ele estava foragido – e do Rio de Janeiro. 

Por duas vezes, o nome de Bolsonaro foi citado nas escutas telefônicas de sua irmã, Tatiana Nóbrega, que começaram em 6 de fevereiro de 2020. Só que este monitoramento foi suspenso, sem explicação, em 21 de fevereiro do mesmo ano.

Em 14 de fevereiro Tatiana lamentou, em ligação interceptada junto a uma desconhecida, a dificuldade para liberar o enterro do irmão. Disse que ele mexia com muita gente e citou o presidente Jair Bolsonaro. 

No dia seguinte, Luiz Carlos Felipe Martins, o Orelha, um dos homens de  confiança do miliciano, afirmou que “Adriano dizia que se fodia por ser amigo do Presidente da República”. 

Foi dessas conversas que saiu a denúncia, pelo MP do Rio, das ligações de policiais e ex-policiais com a milícia de Rio das Pedras e da Muzema, na Zona Oeste, responsáveis pela construção de prédios ilegais.

 Foi na Muzema que 24 pessoas morreram em abril de 2019, pelo desabamento de dois prédios, causado por fortes chuvas.

Até 21 de fevereiro de 2020, as quebras de sigilo eram renovadas automaticamente. A partir dessa data, porém, quando o nome de Bolsonaro já havia aparecido duas vezes, o MP parou de renovar a escuta da irmã de Nóbrega. 

Ao invés de solicitar uma nova autorização judicial, o MP alegou que não era sua atribuição investigar o presidente. O MP, através da Gaeco, deveria encaminhar as informações à PGR, o que nunca teria ocorrido.

O Intercept apurou com a Gaeco que as investigações estão sob sigilo. A PGR, por sua vez, permanece em silêncio.

Como se sabe Flávio, o 01, nomeou a mãe de Nóbrega, Raimunda Veras, e a ex-mulher, Danielle Mendonça, para seu gabinete na Alerj. 

Ambas eram funcionárias fantasmas e seus salários engordavam as rachadinhas comandadas por Fabrício Queiroz, amigo de Nóbrega. Flávio atribui as duas nomeações a Queiroz, contudo, foi ele quem entregou ao caveira a Medalha Tiradentes, principal honraria da Alerj, quando este estava preso.

O MP apura, em inquérito não concluído, se os prédios construídos ilegalmente pelas milícias teriam sido parcialmente financiados pelo esquema de rachadinhas de Flávio Bolsonaro, que agora o STJ está em vias de anular.

 São os milagres do aparelhamento.

 

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