Perseverança espacial


 Se aqui na Terra, mais exatamente no Brasil, a coisa tá russa, com a conjugação entre a pandemia e o pandemônio que é a (indi) gestão Bolsonaro, o jeito é fugir para o espaço, onde há razões para se comemorar. Quinta-feira, pousou em Marte Perseverancea maior missão da história da NASA, em parceria com a Agência Espacial Europeia. O nome já diz tudo: o prodígio tecnológico, com uma tonelada e 23 câmeras, busca vestígios de vidas passadas no planeta vermelho.

Dá para imaginar a festa da equipe ao constatar o sucesso da operação de pouso. Se a viagem tivesse acontecido há 3,5 bilhões de anos, a nave pousaria em meio a um lago de 45 quilômetros de diâmetro, alimentado por um rio que carregava sedimentos. É essa a interpretação científica para a existência da cratera Jezero naquele local.

Os cientistas acreditam que naquela época Marte era um planeta tão azul quanto a Terra. Especula-se que teria sido nesse gêmeo gelado que teriam surgido as condições para o surgimento da vida, com os micróbios que habitavam os lagos, rios e mares. Contudo, não se sabe por que, Marte começou a perder sua atmosfera, dando início ao processo que o transformou no deserto congelado que virou.

Conforme o El País, o veículo de exploração está equipado com sete instrumentos científicos para analisar a composição atômica e química em busca de micróbios marcianos no fundo daquela cratera. O mini-helicóptero Ingenuity, acoplado ao veículo, terá acesso a áreas de difícil acesso aos robôs. A ideia é fornecer nutrientes às amostras coletadas do solo. Se existirem, os tais micróbios deverão emitir produtos, a serem analisados pelos instrumentos a bordo do Perseverance.

Na experiência anterior, de 1976, quando duas naves da série Viking aterrissaram no planeta, cada uma delas trazia um laboratório em miniatura, na tentativa de detectar metabolismo, respiração e crescimento de qualquer ser vivo. Não houve, porém, resultados conclusivos da experiência.

Há mais de dois anos o robô Curiosity, ainda ativo, explora a cratera de Gale, antigo lago que mantém depósitos minerais que só poderiam ter sido originados da presença de água. A evidência também foi acumulada pelos veículos gêmeos Spirit e Oportunity, lançados em 10 de junho e 7 de julho de 2003, respectivamente.

Diga-se de passagem, o poder espacial, que volta à cena, está diretamente ligado ao poder econômico e à base industrial e logística de longo prazo. Aliás, até os árabes entraram no circuito, com sua primeira missão espacial, a Hope, que chegou à órbita de Marte em 9 de fevereiro. A China também está nessa com a missão Tianwen-1, que deve pousa no paneta vermelho entre maio e junho.

O Perseverance é uma preparação de terreno para a próxima a ambiciosa etapa: trazer, pela primeira vez, amostras de terra e rochas de Marte ao nosso planeta. O veículo é equipado para selecionar as amostras, lacrá-las em um recipiente de metal e deixá-las na superfície, para serem recolhidas por outra futura missão. Isso por que a demonstração de existência desses vestígios de vida só pode ser feita na Terra.

Enquanto isso, nós, por aqui, batalhamos para salvar vidas e acabar de vez com essa maldita pandemia.

Comentários

  1. Mas por que será que não aproveitam e trazem logo as amostras pra Terra nessa viagem?

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