Queiroz pode voltar à cena


 A estratégia da defesa, que fez Flávio Bolsonaro comemorar essa semana o “fim do pesadelo de dois anos”, ainda pode ser revertida. Graças aos envolvimentos do 01 com as milícias: 

As mensagens trocadas entre o faz tudo do clã, Fabrício Queiroz, e Danielle da Nóbrega, ex-mulher de Adriano Nóbrega, matador que presidia o Escritório do Crime, são as provas que podem prosseguir as investigações sobre Queiroz.

Na conversa por WhatsApp, em dezembro de 2018, Queiroz explicou a Danielle que ela estava sendo demitida do gabinete de Flávio na Alerj por conta das investigações que ele e o então deputado, hoje senador, eram alvos.

A prova, portanto, independe do Coaf, cujo relatório – também em vistas de ser anulado pela Quinta Turma do STJ, sob os auspícios do candidato à próxima vaga no STF, João Otávio Noronha – pode ser anulado se for considerado ilegal. O Coaf, por sua vez, desidratou-se, como por milagre.

Em agosto de 2019 o Coaf (Conselho de Controle de Atividade Financeira) passou do ministério da Economia para o Banco Central. Virou UIF (Unidade de Inteligência Financeira). Depois disso, nunca mais o órgão incomodou os familiares de Bolsonaro.

Nessa mesma toada, o chefe do Escritório da Corregedoria da Receita Federal, Christiano Paes Leme Botelho, foi exonerado do cargo, em dezembro de 2020. Segundo a defesa de Flávio, ele teria acessado os dados fiscais de seu cliente antes do início das investigações. 

Ontem, o ministro Paulo Guedes demitiu por improbidade o auditor Glauco Octaviano Guerra, cujo caso foi usado em agosto pela defesa de Flávio para acionar o GSI, a Abin e a PGR, como de Guerra fosse tão perseguido quanto Flávio. A demissão enfraquece a tese de acesso ilegal aos dados do 01 usada pelas advogadas.

Como se sabe, quando o MPF começou a investigar as rachadinhas na Alerj, pediu ao Coaf os dados das movimentações financeiras de gabinetes dos deputados. O material chegou ao MP do Rio em janeiro de 2018. Seis meses depois, foi esta a base das investigações criminais abertas pela Promotoria contra Queiroz, que passou a faltar aos depoimentos e sumiu do mapa. O ex-policial só voltou a aparecer em 18 de junho de 2020, na casa de Frederick Wassef, defensor do clã Bolsonaro.

Desde então, o presidente parou de atacar o STF e a estimular os atos antidemocráticos. O caso, como se vê, pode estar longe de acabar, embora os responsáveis vão ter de rebolar para escapar da abrangente blindagem erguida por Bolsonaro, que, até hoje, não explicou o por quê dos depósitos de R$ 89 mil feitos por Queiroz na conta da primeira-dama.

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