Mentiras e desdém

 


Lembra quando Dilma tentou nomear Lula para a Casa Civil e assim garantir sua imunidade? Era exatamente o que Bolsonaro planejava fazer com Pazuello, em retribuição aos serviços prestados. O presidente pretendia criar o ministério extraordinário da Amazônia para o general chamar de seu e lhe dar foro especial para se livrar dos crimes cometidos na Saúde. O que nos custou mais de oito dias de ministério acéfalo no mais grave momento da pandemia.

A posse de Marcelo Queiroga foi consumada ontem fora da agenda oficial. O jeitinho do presidente foi nomear Pazuello para a Secretaria Especial do Programa de Parcerias e Investimentos, vinculada ao ministério da Economia. Deve ser, porém, transferida para a Secretaria Geral, antes que Paulo Guedes, que se presta a engolir um sapo atrás do outro, entre em atrito com o general.

Imagino qual não será o clima na reunião de hoje entre o comando dos três poderes e vários ministros, convocada por Bolsonaro para discutir a crise sanitária. Desde que perdeu sua candidata à Saúde, a médica Ludhmila Hajjar, Arthur Lira traz o presidente atravessado na goela. Rodrigo Pacheco, por sua vez, faz malabarismos para não tocar a CPI da Pandemia, estimulada por todos os lados.

Já o STF de Fux trouxe ontem mais uma derrota a Bolsonaro, com a rejeição, pelo ministro Marco Aurélio, ao pedido do presidente para derrubar os decretos de medidas de isolamento pelos governos do Distrito Federal, Bahia e Rio Grande do Sul. Como se sabe, Bolsonaro se considerava o único apto a instituir esse tipo de regra, flertando com a oportunidade de decretar o estado de sítio.

Uma coisa, contudo, nada tem a ver com a outra. O presidente definiu as medidas dos governadores, a quem chamou de tiranos, como ‘esticar a corda’. Na verdade, era ele quem tentava esticar a corda, com mais uma mentira deslavada.

Como acreditar no cavalo de pau do discurso de ontem, do defensor das vacinas desde criancinha, sob um sonoro panelaço do Oiapoque ao Chuí? Pena que a ficha não caiu antes que começassem a morrer mais de 3 mil pessoas por dia.

Para o cientista Miguel Nicolelis, o pedido de rejeição, assinado de próprio punho, é a prova cabal do desdém de Bolsonaro pela nossa saúde. Agora só falta alguém tomar as medidas cabíveis para acabar de vez com esse pesadello. 

 

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