Circo de horrores

 


O circo de horrores está armado. Ciro Nogueira toca os malabarismos para conter os ânimos do impeachment. Arthur Lira doma vozes dissonantes com dinheiro a rodo do orçamento secreto, já a mágica de Ricardo Barros é segurar o tranco das vacinas superfaturadas. E as Forças Armadas?

A essas alturas sócias do Centrão, pipocam aqui e ali sintomas de insatisfação. Afinal, ao que tudo indica, partiu delas a montagem do Frankenstein que, de insubordinado que ameaçou com atos terroristas por maiores vencimentos da tropa, tornou-se o candidato ideal para reconduzir as Forças Armadas ao poder. Sem golpe.

E se nos subterrâneos do ministério da Saúde foi travada uma guerra surda por quem ficaria com o butim das vacinas superfaturadas, na administração da máquina os milicos perdem espaço para o Centrão, antes demonizado tanto pelo presidente quanto pelos generais. 

Sobretudo pela turma do Haiti, que topa tudo o que seu mestre mandar.

Hamilton Mourão acabou escolhido de última hora para vice para deixar bem delimitado o papel dos militares nesse latifúndio. Só que as palavras equilibradas do general, em contraste com o permanente desequilíbrio do capitão, acabaram por atrair simpatias nesse país onde tantos vices são alçados à presidência. 

Seja de setores das próprias Forças Armadas, de empresários cansados da montanha russa, políticos ou até mesmo de bolsonaristas arrependidos.

E aquela mesma sinceridade – surpreendente para quem tanto mente - que levou o a admitir que sempre foi Centrão, Bolsonaro pisou em calos. Um foi o do sempre preterido Mourão, comparado a um indesejável cunhado, outro foi o do fiel escudeiro Luís Eduardo Ramos, a quem, segundo o presidente, faltaria habilidade política. 

Ele parece esquecer que Ramos o aproximou do Centrão.

Há uma certa unanimidade entre os analistas políticos de que a bola dos militares murcha diante da ascensão desse grupo de parlamentares, agora com a faca e o queijo nas mãos.

 E foram os próprios Nogueira e Lira que vazaram a ameaça golpista de Braga Netto diante do voto eletrônico, que saiu desmoralizado e corre o risco de ser convocado a depor na CPI da Covid.

Por outro lado, fica cada vez mais improvável a concretização do sonhado golpismo bolsonarista. Que general vai segurar essa peteca diante de tantas provocações? O que ainda não se sabe é se Bozo vai continuar a ser o palhaço desse picadeiro.   

 

   

  

 

Comentários

  1. Maria Christina Monteiro de Castro
    Seu texto sempre mexe comigo, é muito certeiro. Eu que ando cansada e desacreditando em que qualquer coisa vá mudar....ando lendo muito Hannah Arendt: a sensação que eu tenho é que, mesmo com bons analistas do que acontece(e você é uma), não sabemos a metade da metade do que anda por aí....complicado...

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    1. Celina Côrtes
      Obrigada. Tenho essa mesma sensação: não sabemos da missa a metade...

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  2. Lucimara Da Paz Paz
    Vc está de parabéns. Tem meu respeito e admiração.

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  3. Antonio Berniz
    A reserva do dinheiro está indo ralo abaixo ..compra centrão mansão, mordomias carreatas etc...

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  4. Antonio Berniz
    Há ainda tem o leite condensado né 👍

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  5. Cleide Moreira
    #ForaBolsonaroeSuaQuadrilha

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