Mico internacional

 


Após comer pizza na rua por falta de certificado de vacinação – com direito à cueca aparente de um ministro -, Bolsonaro continuou a se comportar como se estivesse no cercadinho. Na abertura da 76ª Conferência da ONU, defendeu o tratamento precoce, negou as vacinas ao criticar o passaporte da vacinação e mentiu sobre o desmatamento no Brasil.

Uma viagem internacional que incluiu ministros, assessores, filho e mulher - para quê tanta gente? -, e só fez aprofundar a imagem cada vez mais negativa do planeta sobre o Brasil.

As mentiras, como mostrou a jornalista Malu Gaspar, começaram por imagens falsas divulgadas nas redes pelos seguidores, da recepção acalorada por numerosos grupos na chegada da comitiva ao aeroporto John F. Kennedy.

Quando se sabe que a comitiva foi vaiada por onde passou, a ponto do ministro Queiroga - que testou positivo para a Covid e terá de fazer quarentena em Nova York - mostrar indicador aos manifestantes e o chanceler fazer arminha com os dedos.

Sim, houve algumas verdades, como a de que nenhum país do mundo tem legislação tão completa quanto o Código Florestal brasileiro. Só faltou dizer que o mesmo não é cumprido por seu governo. Muito pelo contrário.

O presidente teve o cinismo de mencionar a proteção aos povos indígenas, quando se sabe que eles nunca estiveram tão ameaçados por garimpeiros e grileiros estimulados por sua gestão, a ponto de levá-lo à condição de autor de Crimes contra a Humanidade no Tribunal de Haia.   

Citou o fim da corrupção, no país em que o ministério da Saúde é investigado pelas compras superfaturadas de vacinas, após ignorar fabricantes mundialmente reconhecidos. É claro que o capitão não se sente incluído nesse hall, com filhos, ex-mulher e ele próprio envolvido com as rachadinhas. 

Bolsonaro falou como se estivesse acima do bem e do mal e, como lembrou o jornalista Otávio Guedes, forneceu provas contra si próprio na tribuna da ONU em sua crítica ao passaporte da vacina e na defesa do tratamento precoce – o mesmo que matou incautos na pesquisa fajuta da Prevent Senior, usada como argumento científico por seu governo.

O discurso trará mais lenha à avaliação da CPI, com a defesa da imunidade de rebanho feita pelo presidente, ao atacar as restrições impostas por governadores e prefeitos, com base num tratamento ineficaz.

E, após seu discurso, o púlpito teve de ser desinfetado. Dali para a frente, a começar por Biden, só falariam líderes vacinados. Mico internacional.  

       

Comentários

  1. A cueca aparente foi do presidente. A fala foi de vendedor do país.

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    1. Sim, metaforicamente. Mas a cueca era do ministro do Turismo< Gilson Machado Neto

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  2. Cal Lobo
    A resposta parece estar na própria pergunta; isolado culturalmente na própria América do Sul o Brasil é mesmo um país fechado em sua própria ignorância. A fala do Bozo na ONU deixou clara a percepção limitada que o brasileiro médio tem da própria realidade.

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