A arapongagem da Abin
Entre 2019 e 2021 a araponganem – típica das ditaduras – comeu solta via Abin, sobretudo
entre adversários do governo através da ferramenta “FirstMile”, adquirida sem
licitação por R$ 5,7 milhões durante o governo Temer.
O argumento era combater o crime organizado, o que nunca chegou a ocorrer.
Segundo a PF, a Abin usou o sistema mais de 30 mil vezes, quando ele só
poderia ser acionado pela Polícia Judiciária e pelo MP, como estabelece a
Constituição. Desse total, os investigadores detalharam 1.800 usos relacionados
a políticos e jornalistas, conforme a
colunista Bela Megale.
O nome dessas pessoas investigadas está sob sigilo determinado pelo ministro
Alexandre de Moraes.
O sistema permitia rastrear a localização de alguém a partir dos dados transferidos do celular para as torres de transmissão. O uso irregular da ferramenta, divulgado em março pelo Globo, gerou questionamentos na Abin e levou à abertura de um procedimento interno para apurar o caso.
Na última sexta-feira, foram expedidos 25 mandados
de busca e apreensão pelo país e um dos alvos foi Caio Santos Cruz, filho do general da reserva Carlos
Santos Cruz, ex-ministro do inelegível, que depois rompeu com o chefe.
A operação também visava
responder perguntas ainda sem resposta, como quem mandou fazer os
monitoramentos, quem recebeu os dados e o que foi feito com eles.
Não é difícil imaginar de onde partiram as ordens para a monitoração dos inimigos, já que a irregularidade ocorreu sobretudo durante o período em que o então diretor da Abin era Alexandre Ramagem, aliado do inelegível.
Segundo a colunista Malu Gaspar, os agentes da Abin
Rodrigo Colli e Eduardo Arthur Yzycky foram alvos de prisão preventiva na última sexta-feira. Ambos teriam não apenas participado do monitoramento, como usado o
sistema para escapar da própria demissão.
Os agentes da Abin que fizeram uso do sistema aproveitaram-se da
vulnerabilidade criada pela empresa israelense Cognyte, desenvolvedora do
FirstMile, na rede de telefonia, para rastrear alvos irregularmente.
A PF teria descoberto ainda que detalhes dos
monitoramentos de outros 31.200 foram apagados. Falta descobrir ainda por que
as informações foram apagadas e por ordem de quem.
Ou seja, o que as sabe até agora são apenas pontas
de icebergs, já que as informações mais fundamentais, como de
quem partiu a ordem para os monitoramentos e o que foram feitos deles, ainda permanecem um mistério.
ResponderExcluirFernando Veiga Barros e Silva
Vários fatores proporcionam a oportunidade para que episódios como esse ocorram. Esses fatores contribuem para a cooptação de servidores ou, até mesmo, de instituições estatais inteiras. Entre os fatores mais comuns está o uso de critérios personalíssimos para a nomeação de dirigentes das instituições. Em geral, os critérios favorecem pessoas desqualificadas para o exercício de funções públicas, ao menos das funções mais importantes.
Da forma como as escolhas têm sido feitas, melhor seria que as nomeações se baseassem, pura e simplesmente, em sorteio. No caso, participariam do sorteio somente os servidores devidamente habilitados para o exercício dos cargos de direção. O sorteio, se não exibisse outras virtudes, teria a vantagem de acabar com as relações de compadrio e favorecimento e, pior do que tudo, com a criminosa subserviência do Estado, diante dos governos que se sucedem.
Sim, ao menos durante a gestão do inelegível as nomeações não passaram de um jogo de cartas marcadas
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ResponderExcluirFernando Veiga Barros e Silva
ResponderExcluirCelina Côrtes, não importa de que governo se trate. As nomeações, da forma como hoje são feitas, sempre implicam elevada dose de subjetivismo, de personalismo e, infelizmente, de relações muito pouco protocolares e republicanas. O Estado não pode depender de pessoas. Tem que se fundar em instituições e regras, por mais antiquado e burocrático que isso possa soar.
Carlos Minc
ResponderExcluir🥸💪🏽💥🎸🌲🌻🦋📽️🦩🪂🪘🦉🌏