ONG denuncia à ONU PEC contra drogas
Hoje o STF retoma o julgamento que pode descriminalizar o porte de
maconha para uso pessoal. Na última quinta-feira, o ministro Dias Toffoli,
único a votar, ficou em cima do muro e não contribuiu para uma decisão final,
que deve ser tomada esta semana, com os votos de Cármen Lúcia e Fux.
Como se
sabe, em abril o Senado aprovou uma PEC de autoria de Rodrigo Pacheco –
claramente em campanha por votos de conservadores - que criminaliza o uso e
porte de qualquer droga, na contramão do mundo civilizado.
O próximo passo é
Arthur Lira criar uma comissão especial na Câmara para avaliar o mérito do
texto. Consta que ele não tem pressa pela aprovação pela autoria ser de Pacheco. Se o Legislativo conseguir aprovar a PEC, a decisão se sobrepõe à do
STF. Este, contudo, pode declarar a PEC inconstitucional.
Ou seja, uma guerrinha ridícula que prejudica especialmente os pretos e pobres que lotam os presídios após detenções por portes ínfimos de cannabis, que os transformará em criminosos de fato ao passarem pela cadeia, como demonstra o estudo do Núcleo de Estudos Raciais do Insper:
Em São
Paulo, 31 mil pardos e pretos foram considerados traficantes em situações
semelhantes às de brancos, tratados como usuários. O que deixa claro
que para a polícia paulistana a diferença entre traficante e usuário está na
cor da pele.
Por essas e
outras, a ONG Conectas Direitos
Humanos denunciou ontem à ONU a tramitação da PEC das Drogas no Congresso
Nacional e o que chama de “escalada legislativa contra os direitos fundamentais
no Brasil”.
O alerta se deu, conforme a jornalista Mônica Bergamo, durante sessão do Conselho
de Direitos Humanos da organização internacional. A ONG sustentou que, após
aprovar o fim das chamadas saidinhas, o Legislativo brasileiro traz uma
proposta que aprofunda os problemas da legislação penal e pode vitimar,
principalmente, jovens negros.
“É urgente que o Estado
brasileiro se abstenha de legislar contra direitos humanos no sistema de
Justiça criminal e se comprometa com uma política de drogas fundamentada na
redução de danos, com medidas de atenção e cuidado em liberdade construídas com a participação da sociedade civil, sobretudo dos mais afetados”, defende a ONG.
Até onde prevalecerá a voz do retrocesso?
Jean Schleuderer
ResponderExcluirPara sempre pesará em nós a pecha que tínhamos quando jovens: maconheiros.
Só que isso não é argumento para impedir o senso crítico de mais um quadro de retrocesso em nosso Congresso reacionário
ExcluirAirton Genaro
ResponderExcluirPois é, como dizem os caipiras.. "esses doutores não enchergam um palmo a frente do nariz"...