Pesquisas sobre fake news são sabotadas

 

A notícia é estarrecedora. Os parlamentares não apenas remam contra a maré de penalizar as fake news. Eles também ensaiam meios de criminalizar os que constroem ferramentas para controlar o que eles não querem que seja controlado.

É o que denuncia o reitor da UFRJ, Roberto Medronho (foto), em artigo no Globo. Ele diz que foi surpreendido, junto à equipe do renomado NetLab, da Escola de Comunicação, com um requerimento de audiência pública na Comissão de Segurança Pública da Câmara.

O objetivo é questionar – e inibir – estudos sobre desinformação e pressionar os pesquisadores a desistir de seus temas de pesquisa em anos eleitorais. “É por conhecer esse roteiro, que lembra os tempos mais sombrios da História de nosso país, que reafirmamos nosso compromisso com o ensino a pesquisa independente”, afirma Medronho.

“Não deixaremos nos intimidar por manipulações e ameaças a nossa autonomia universitária, nossa independência acadêmica e à liberdade de pesquisa”, prossegue o reitor.

As pesquisas do NetLab se destacaram no último mês devido à tragédia do Rio Grande do Sul. Como se não bastasse toda a calamidade vivida pelo estado, fake news tentavam manipular a opinião pública, inclusive com golpes como o que eu mesma sofri, já relatado aqui.

Algo mais ou menos assim: quem são vocês para interferir em nosso direito de continuar mentindo?  

O requerimento foca seu alvo no financiamento do laboratório via recursos públicos e fundações filantrópicas, necessários à realização das pesquisas. Como ocorre com a maior parte da pesquisa feita no país.

Os recursos, como se sabe, são escassos, o que valoriza ainda mais o trabalho dos obstinados pesquisadores para conseguirem dar conta de seus projetos.

Era só o que faltava, nesse momento em que o país volta a respirar ares democráticos, setores do Congresso terem a cara de pau de bombardear iniciativa que tenta remediar esse drama ainda insolúvel da desinformação.

Nesse ritmo, aonde vamos parar?