Deputados querem voto no papel

 

É revoltante demais que a CCJ da Câmara, no rush que precede o recesso de fim de ano, tenha ocupado seu precioso tempo (e o nosso dinheiro) para votar o projeto de retomada do voto impresso. 

Vimos que o dólar deu um pequeno alívio após Arthur anunciar que eles começariam a votar o pacote fiscal - a reforma tributária é outra urgência -, enquanto eles gastam seu tempo nessas baixarias.

Para começar, as urnas eletrônicas são um dos raros exemplos que nos dão uma sensação de superioridade em relação aos EUA, que levam dias para apurar seus votos. Além do avanço da celeridade, o método eliminou as maracutaias cometidas quando o voto era no papel, como a que o próprio Inelegível chegou a fazer em 1994. 

E, como foi dito aqui, a PF concluiu no Inquérito dos atos golpistas que o forte discurso a favor do voto impresso era parte da estratégia dos golpistas para desacreditar as eleições. Até o general Eduardo Villas Bôas voltou a bater nessa tecla em mensagem nas redes logo após o pleito. 

Só que o Inelegível foi derrotado (embora a ficha pareça ainda não ter caído) e a direita – que acaba de perder a candidatura de Ronaldo Caiado, governador de Goiás, ao se tornar inelegível por oito anos, como o capitão – pode até encontrar um nome capaz de vencer em 2026. E aí, vai continuar querendo melar as eleições?

Como será que eles foram eleitos? Vão impugnar as próprias candidaturas se o projeto for adiante? 

Ou seja, o Congresso é tão atrasado que foi capaz de perder o bonde nesta votação, com 31 votos favoráveis e 20 contrários. Nem preciso dizer que a maioria da CCJ é integrada por deputados bolsonaristas... 

A sorte é que o projeto, de competência de Arthur Lira – ele devia ter vergonha na cara para não pagar um mico desses, embora já tivesse perdido nessa mesma votação em 2021- ainda tem de passar pelo plenário da Câmara e pelo Senado. 

Detalhe, Hugo Motta, o provável futuro presidente da Casa não compareceu, indicando de que lado ele está. E só o PSD e a Federação PT-PCdoB-PV orientaram contra o projeto. 

Pior que isso, só a PEC do Estuprador e a liberação de armas por investigados, na mais nova descaracterização do Estatuto do Desarmamento. Ninguém merece!