Bolsonaro volta à ativa na UTI

 

Parece até piada. Depois de bater boca com a oficial de Justiça que foi intimá-lo – quando o hospital da Rede D’Or transmitiu o informe de piora do paciente internado na UTI -, ontem Bolsonaro voltou à ativa: convocou seus seguidores para uma manifestação pela anistia em 7 de maio, em Brasília.

(Uma leitora do blog informou que o médico Claudio Birolini, que operou o capitão, é bolsonarista de carteirinha. O fato é que Michelle justificou sua escolha por ser amiga de Birolini, chutando para escanteio o cirurgião geral Antonio Luiz Macedo, que já havia operado seu marido cinco vezes em SP.)

Voltando ao ato, é o primeiro desta turba desde o 8 de janeiro. Como será o comportamento deles? Será que haverá financiadores para arrastar a Brasília os paus mandados de todo o país? Será que voltarão a quebrar tudo?

E não há nada mais patético que o vídeo de convocação do pastor Malacheia, ao lado do vitimizado paciente na UTI:

“Estou de boca aberta! Alexandre de Moraes manda um oficial de Justiça para intimar Bolsonaro na UTI? Alega que Bolsonaro dá entrevistas e pode ser intimado? Acontece que ele desobedece ordens médicas, como eu também faria. É uma vergonha! Que país é esse? É um lixo de moralidade! Moraes, você é um desgraçado por suas maldades!”, estrebucha.

Curioso que ele está de óculos escuros na UTI. Por que será?Disfarce para seu olhar demoníaco? E mais curioso ainda foi a convocação ser simultânea ao avanço das negociações de Davi Alcolumbre, presidente do Senado, costurada com Hugo Motta, da Câmara, também sobre anistia.

Acontece que, após uma absurda sequência de ameaças pelo líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante – o mesmo que quer criminalizar meninas estupradas que façam aborto – de obstruir as votações se não for acatada a urgência para o PL da Anistia, o feitiço se volta contra o feiticeiro.

Porque o projeto da Câmara foi construído para livrar a cara de todos os participantes de atos contra a posse de Lula antes, durante e depois, o que beneficiaria diretamente o Inelegível e seus generais de estimação.

Enquanto Hugo Motta, presidente da Câmara, resiste à pressão bolsonarista, cresce a proposta de Alcolumbre, que reduz a pena dos participantes e aumenta a dos mandantes, também duramente criticada por Malafaia. Não seria um perdão aos que já estão presos ou aos condenados pelo 8 de janeiro, mas um veto à ‘dupla punição’ – tentativa de golpe e abolição do estado de Direito - pelo mesmo crime.

Ou seja, exatamente o contrário do que desejava Bolsonaro, que não está nem aí para a trempa de gente que se danou por ter caído em sua conversa. Muito curiosa para ver quantos eles vão conseguir enganar dessa vez...

PS: Caros leitores, volto a pausar nesse novo feriadão. Retorno segunda 5 de maio. Bom descanso a todos!