Flávio Dino para presidente

Ainda é cedo para falar em sucessão presidencial, porém, não há como fugir do assunto. Seja lá por que motivos – da crise do pix aos preços dos alimentos -, Lula enfrenta queda na popularidade. O que ainda pode se inverter.

A direita, por sua vez, se divide, com Bolsonaro ainda agarrado à sua candidatura – apesar de inelegível e do processo que começará a enfrentar no STF pela tentativa de golpe -, enquanto Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado e Romeu Zema brigam pela herança ainda não delegada.

Domingo, a jornalista Vera Magalhães nos brindou com um magnífico perfil  do ministro Flávio Dino, cuja experiência política e administrativa o colocam na boca do gol para assumir uma candidatura da esquerda em 2026. Isso se a ficha de Lula não demorar tanto a cair como foi com Joe Biden...

“Vocês não estão entendendo a gravidade do que está acontecendo bem na nossa frente. Estão calmos! Se não for quem está nessa sala para fazer alguma coisa, quem vai fazer?", gritou o então ministro da Justiça com as apáticas autoridades que assistiam ao quebra quebra do 8 de janeiro.

Foi um marco na capacidade do maranhense, 56 anos, no Ministério da Justiça, cadeira que conquistou por sua experiência administrativa na segurança pública como governador do Maranhão por dois mandatos, pelo passado como juiz federal e know how na área.

“Flávio Dino no STF é um leão numa gaiola de passarinho “, diagnostica um de seus mais antigos colaboradores. Dino foi um estudante que tirava boas notas, apesar de frequentar pouco as aulas, por seu engajamento no movimento estudantil. Filiou-se ao PT, e candidatou-se a deputado federal após 12 anos como juiz federal, quando presidiu a Ajufe.

Assumiu o cargo parlamentar com mais de 120 mil votos, pelo PCdoB. Nessa época, em 2012, viveu sua maior tragédia, a morte do filho Marcelo, aos 13 anos, após a internação por uma intensa crise de asma. Um aparente erro médico.

Foi salvo por sua espiritualidade, segundo os amigos, alavanca para recuperar a personalidade brincalhona mesmo após o luto devastador. Dois anos depois se candidatava ao governo do Maranhão, com a oligarquia Sarney em queda. A aliança com o centro e a centro-direita acompanhou seus dois mandatos e ajudou na campanha de Lula contra Jair Bolsonaro, em 2022.

Dino deixou uma marca tão forte em suas gestões no Maranhão que o estado mais pobre do país foi o que melhor se saiu na pandemia da Covid-19, com números equivalentes aos da Alemanha. Por onde passou, esbanjou conhecimento, ética, assertividade e compromisso com a democracia.

Seus embates com o bolsonarismo – nos quais sempre levou a melhor – foram sustentados por sua sólida formação e seu privilegiado senso de humor, recheado de fina ironia. Também sobrou para ele o fogo amigo do PT, que reagiu à sua nomeação no STF, onde já chegou causando, com sua guerra contra a falta de transparência do orçamento secreto.

A luta prossegue como integrante da Primeira Turma que vai julgar Bolsonaro – apesar de todas as tentativas da defesa de afastá-lo do papel. Independente do que possa acontecer com seu nome em 2026, Dino sabe que há muitos embates pela frente e que a democracia ainda não está assegurada.

De minha parte, torço para que ele tope disputar a presidência em 2026. Seria a maior garantia da continuidade da esquerda no poder e para reforçar a consolidação da nossa democracia. 

PS: Grandes perdas: Papa Francisco e Wilson Figueiredo.