Os tropeços para a prisão de Bolsonaro

 

Pior que a ceninha da vitimização, é o que está por trás da cirurgia às pressas de Bolsonaro. Conforme o jornalista Thiago Reis, o ex-presidente pegou a ambulância e helicóptero 10 minutos depois do STF publicar a decisão que o tornou réu. Para o processo andar, ele tem de ser intimado.

Acontece que o oficial de justiça não pode entrar na UTI. Por isso, os médicos num dia descartaram a operação, e em outro disseram que ele terá de passar três semanas na UTI. Ao mesmo tempo em que já se planta a ideia de que o capitão terá de ficar em prisão domiciliar por causa de sua saúde...

Em outra frente, Hugo Motta acaba de dar um cavalo de pau. Ontem, ele postou em suas redes que pela “verdadeira democracia” deixará a decisão sobre a urgência do PL da Anistia aos líderes partidários. Ou seja, abre mão de seu poder para facilitar a votação do projeto que nada tem de urgente.   

As traições vêm de todos os lados. Como de sabe, mais de cem deputados da base do governo assinaram o requerimento de urgência para a tramitação do projeto. Além do PL, o União Brasil - cujo líder na Câmara, Pedro Lucas, será ministro das Comunicações - aderiu com mais de 50% de seus parlamentares. Outro perigo à vista...

O movimento pretende ir além dos pipoqueiros, beneficiando Bolsonaro e seus generais de estimação que aderiram à tentativa. E o capataz dessa guerra é o líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante, testa de ferro do raivoso Malafaia. Que, a todo custo, quer manter os benefícios conquistados pelos evangélicos no governo anterior.

Bom, ainda tem de passar pelo Senado para virar lei, cujo presidente, Davi Alcolumbre, também declarou que não pensa em botar o projeto em votação na casa. Assim como Hugo Motta, sua afirmação se deu na volta de uma longa viagem ao Japão acompanhando a comitiva de Lula.

Quem garante que Alcolumbre não possa voltar atrás? Sabe-se, por exemplo, que 23 senadores pediram autorização ao STF para conversar com Braga Netto na Vila Militar, onde o general está detido. Qual será a pauta desse encontro?

Bom, resta a sanção presidencial, exigida a qualquer projeto antes de virar lei. Sobre essa etapa, não resta a menor dúvida de que Lula jamais assinaria uma anistia a todos que tentaram derrubar seu governo antes mesmo dele tomar posse.

Será que a tigrada terá motivos para comemorar?

Se Trump faz o que faz nos EUA, imaginem o que seria do Brasil se Bolsonaro conseguisse se reeleger? E, como não conseguiu, quer estar disponível para enfrentar as eleições de 2026, enquanto se protege atrás de uma cirurgia intestinal para não ser incomodado pela Justiça...   

Todo cuidado é muito pouco neste momento.