Samba do crioulo doido

 

Fernando Collor foi preso na madrugada de ontem, às 4h, por determinação do ministro Alexandre de Moraes (sempre ele). A causa, porém, não tem nada a ver com o confisco da poupança feita pelo então presidente, há 35 anos, que levou milhares de pessoas ao desespero. E sim pelos R$ 20 milhões recebidos pelo ex-presidente, hoje senador, e dois outros empresários para viabilizar contratos da BR Distribuidora.

Moraes pediu que seu voto fosse referendado pelo plenário em votação virtual, que acabou sendo interrompida pelo ministro Gilmar Mendes – que tipo de vínculo ele teria com Collor? -, já com os cinco votos da maioria, que pediu análise do plenário físico, em data ainda a ser marcada. Enquanto isso, o ex-presidente permanecerá preso em Maceió, não se sabe com que regalias. 

A última condenação de Collor é de maio de 2023, para uma pena de oito anos, em regime inicial fechado, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A prisão foi adiada pelos recursos de seus advogados. Já o desastre do confisco da poupança – poucas eram as pessoas que não tinham alguma história dramática sobre ela – passou incólume...

Detalhe, na legenda da charge de Aroeira (foto) no 247, estava escrito: só um aperitivo, referindo-se ao provável futuro próximo de Jair Bolsonaro. Ou seja, recursos não vão resolver. Porém, quem garante que um Luiz Fux da vida também não exija que a decisão seja tomada pelo plenário, já que o julgamento será da Primeira Turma do STF?

Algo semelhante aconteceu com Chiquinho Brazão, cassado ontem pela Mesa Diretora da Câmara. Não por ter mandado matar Marielle Franco, e sim por ter faltado sessões plenárias. E, como a cassação não partiu do plenário da Casa, Brazão sequer ficou inelegível. Que tal?  

Por outro lado, Glauber Braga teve o mandato cassado por ter expulsado e batido no militante do MBL, que foi à Câmara falar mal de sua mãe, morta pouco depois. Sendo que o relator do Conselho de Ética, Paulo Magalhães – que também surrou o autor de um livro que atacava seu tio, Antonio Carlos Magalhães – sugeriu a cassação.

Que foi referendada ontem pelo CCJ, ao não aceitar o recurso apresentado por Glauber, um dos deputados mais combativos e éticos da Câmara, castigado por seus embates sobre o orçamento secreto com o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira. A decisão final será do plenário.

E temos ainda o escândalo do INSS, iniciado no governo Bolsonaro - talvez por isso a oposição não exija uma CPI - e inflado na gestão de Lula, cuja Polícia Federal desbaratou o covarde esquema que explorava aqueles que menos têm: os aposentados. A cabeça do presidente do INSS já caiu, falta a do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi.

Enfim, é um samba do crioulo doido que nem Stanislaw Ponte Preta seria capaz de criar...