Habemmus papam!

 

Lamentei profundamente a partida do Papa Francisco, com sua superior humanidade. E, assim que soube da escolha do cardeal americano, Robert Francis Prevost, meu primeiro pensamento foi: será que o Vaticano afagou ou provocou Trump, com sua pretensiosa fantasia de papa?

Prevost, 69 anos, foi anunciado como Papa Leão XIV na tarde de quinta-feira, após a fumaça branca sair da chaminé da Capela Sistina. Não estava entre os favoritos, porém, essa não é uma escolha como a dos times de futebol, como chegou a parecer essa sucessão na grande mídia.

Leão XIV vai liderar 1,4 bilhão de católicos no mundo, número que permanece alto apesar da perda de seguidores para os evangélicos, sobretudo no Brasil, onde a linhagem religiosa parece ter conseguido se aproximar mais dos mais pobres - em 2021, eles eram 29,4% da população brasileira.

Fui uma grande admiradora da Teologia da Libertação, amparo da Igreja indispensável durante a ditadura militar (1964-1985), a cujo abandono pelos católicos durante papados mais conservadores – como o de João Paulo II e de Ratzinguer, o Papa Bento XVI, que interrompeu sua missão e abriu caminho à chegada de Bergoglio – se atribui o crescimento dos evangélicos por aqui.

Agora, este 267º líder da Igreja Católica se coloca como sucessor de Leão XIII (1810-1903), que aliou a tradição da igreja ao mundo moderno, criando pontes entre a fé católica, os avanços da ciência, da filosofia e da política social.

Prevost, que nasceu em Chicago e se naturalizou peruano, onde foi missionário – o que ele ainda se considera -, pároco, professor e bispo, liderava os agostinianos. Cujo mestre, Agostinho de Hipona (354 a 430 DC) ensinou que a busca da verdade é sua chave ética, junto ao amor pelo outro.

E não há dúvida de que seu pontificado será uma continuidade de Francisco que, ao assumir, propôs a construção de pontes, enquanto Trump construía muros em seu primeiro governo. Leão XIV repetiu a mesma proposta em sua primeira fala.

Além disso, já se sabe que ele é anti-Trump - sobretudo por suas políticas contra imigrantes, como ele mesmo é - e a JD. Vance, o vice-presidente americano católico.

Geralmente um papa progressista é sucedido por um conservador, que não parece ser o caso – até porque a maioria dos cardeais que integraram o Concílio foram nomeados por Francisco. Prevost está no meio do caminho.

(Sabe-se também que Prevost é próximo da CNBB, a foto acima, contudo, pode indicar outras simpatias...)

Sabedoria, sensibilidade e humildade, são os meus votos ao novo Papa Leão XIV.