Mais provas contra Bolsonaro

Novos áudios obtidos pela PF nessa semana confirmam que o PF Wladimir Matos Soares (foto) integrou a equipe que iria prender Alexandre de Moraes e agir com violência para impedir a posse de Lula, em 2023. O plano só não foi para a frente porque, segundo o policial, Bolsonaro “deu para trás”.

Soares foi preso preventivamente em novembro passado e teve celulares e equipamentos eletrônicos apreendidos pela PF. Ele se dizia parte de um grupo com alto poder de fogo, que aguardava apenas uma ordem do ex-presidente para agir.

"A gente tava pronto, só que aí o presidente… Esperávamos só o ok do presidente, uma canetada para a gente agir”, mostra um trecho da gravação. "A gente ia com muita vontade, ia empurrar meio mundo de gente, pô, matar meio mundo de gente. Não ia estar nem aí”, acrescenta o PF.

Soares - que está no núcleo 3, cujo julgamento começa na semana que vem - afirmou que não haveria posse, "porque nós não íamos deixar" e disse ter chorado quando Lula assumiu.

Ele também se decepcionou com os generais do Exército, a quem acusou de terem “se vendido” ao governo Lula.“Na realidade, o PT pagou para eles, comprou esses generais”, afirmou, indicando que o recuo das Forças Armadas teria inviabilizado o golpe.

O policial ainda teria vazado dados sobre a segurança de Lula.

E, em outra gravação, o agente especula: “Vai fugir”, referindo-se a Bolsonaro.

A Revista Fórum apurou que amigos e agentes solidários a Soares durante a prisão se calaram nos grupos de WhatsApp da PF, por receio que os áudios possam dedurar policiais que aderiram ao lavajatismo e ao bolsonarismo, sucessivamente, e hoje se camuflam na instituição.

A PF teria começado a se politizar quando Sérgio Moro assumiu o super ministério da Justiça – para o qual levou a cúpula do lavajatismo -, após deixar a magistratura e influenciar nas eleições ao levantar o sigilo da delação criminosa de Antônio Palocci, às vésperas da eleição.

E escolheu para diretor da PF Maurício Valeixo, superintendente da PF no Paraná, que atuou em conluio com a Lava Jato e o ex-juiz da 13ª Vara na força-tarefa. Em sua gestão, o ministro brigou com o Inelegível por este querer influenciar na PF. E Valeixo deixou o cargo.

Conforme a fonte ouvida pela Fórum, o clima de aparelhamento era tamanho que agentes chegaram a construir uma espécie de "altar" para Bolsonaro na Academia Nacional de Polícia, onde Soares estava lotado.

Impressiona ouvir a voz do PF comentando o envolvimento do ex-presidente na trama golpista, apesar dele se ver obrigado a voltar atrás pela falta de apoio do alto comando.