Zambelli pode ter pena de 10 anos

 

Quando assistimos à arrogância de Carla Zambelli (PL-SP) correndo atrás de um negro com uma arma – atitude que prejudicou a eleição de seu chefe às vésperas do segundo turno de 2022, segundo o próprio – era revoltante vê-la continuando o mandato, como se nada tivesse acontecido.

Por motivos que nada têm a ver com esse circo de horrores, o STF formou maioria na última sexta-feira para mandá-la a 10 anos de prisão pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica. Assim como o hacker Walter Delgatti Neto, já detido provisoriamente.

A pena de Delgatti é de oito anos e ambos terão que pagar R$ 2 milhões de indenização por danos morais e coletivos.

Para a PGR, Zambelli teria orientado Delgatti a invadir os sistemas do Conselho Nacional de Justiça a inserir documentos falsos, entre eles, um mandado de prisão forjado contra o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.

Era o cúmulo do abuso na sede dos bolsonaristas em castigar Moraes por toda a sua atuação a favor da democracia e contra o golpismo do ex-presidente. Zambelli recorreu ao “hacker que sepultou a Lava Jato”, como Delgatti ficou conhecido desde 2019, quando confessou à PF ser responsável pela invasão do celular de Sérgio Moro e ter passado ao Intercept as informações furtadas. Era muita certeza de impunidade...

Pela acusação, o objetivo dos réus era desmoralizar o Poder Judiciário e ao mesmo tempo estimular manifestações antidemocráticas, para enfraquecer as instituições e, assim, facilitar a tentativa de golpe já em andamento. Moraes definiu a atitude da parlamentar como “afronta direta à dignidade da Justiça”, além de “instigadora” e “mandante”.

O julgamento virtual termina na próxima sexta-feira.

Já a perda do mandato, se a decisão for confirmada após os recursos, caberá à Câmara – e já sabemos o tamanho do corporativismo bolsonarista da Casa Legislativa. Se tudo correr conforme o previsto a Espanhola – como também é conhecida por atividades nada republicanas de quando morou na Espanha - será enquadrada na Lei da Ficha Limpa e ficará inelegível por oito anos.

Devagar e com muita paciência Moraes, o relator desse e dos casos que envolvem Bolsonaro e seus generais de estimação, caminha para punir todas as barbaridades cometidas contra a democracia. Viva!