Extrema direita quer maioria do Senado
A
estratégia da extrema direita brasileira não é a presidência, e sim a maioria
do Senado, para impor aqui o projeto do húngaro Viktor Órban. Porque as futuras
nomeações do Judiciário dependem do Senado. Ela só quer a presidência em 2030, já com
o Judiciário dominado, para transformar a democracia liberal em iliberal. Ou seja, numa ditadura.
Porque a
principal função da Suprema Corte é salvaguardar a
constituição. E as constituições modernas possuem dispositivos para evitar a
transformação da democracia por dentro em estado autocrático. Aqui, o bolsonarismo
fracassou por não ter conseguido sujeitar o Judiciário.
O projeto
inclui a disseminação de fake news e o pacto entre os grupos de só se
informarem por suas redes, gerando a dissonância cognitiva, ou o caos cognitivo. São os milhares que acreditam nos mesmos absurdos, como botar os celulares na
cabeça pela vitória de Bolsonaro em 2022 ou rezar para pneu. Seguidores que ele
agora chama de malucos, como se nada tivesse a ver com essa loucura.
Foi assim
que o ex-presidente venceu em 2018, turbinado pela Rádio Jovem Pan. Simulou a
imagem antissistema, apesar de sua família sempre ter se locupletado do
dinheiro público. A Radio Pan também atingiu em cheio os 58 milhões de
eleitores de Bolsonaro após o pleito de 2022 e conduziu à radicalização do 8 de
janeiro.
O mecanismo usa as redes sociais, aplicativos e filmes integrados do Youtube, que se retroalimentam e geram monetização. Quanto mais radicalismo e violência, mais atenção capturada e mais dinheiro.
É a retórica do ódio, difundida entre milhões - inclusive os Bolsonaro -, por Olavo de Carvalho. E essa radicalização da extrema direita nasce da mais séria crise do capitalismo, por considerar a geração da riqueza infinitas e progressivas.
A natureza
seria um depósito inesgotável da riqueza a ser explorada, base negacionista do
capitalismo predador que pode levar ao colapso do planeta. Agora, o interesse é
explorar o lítio e o nióbio, indispensáveis à tecnologia da informação. Fora o
abandono das relações trabalhistas construídas em dois séculos e meio, com a
uberização do trabalho, ou precarização generalizada da qualidade de vida.
Tudo só
possível através de um regime autoritário.
Já nos anos 20
e 30, a crise do capitalismo levou à ascensão do nazifascismo, enquanto a expansão
neocolonial, com a colonização da Ásia e da África, proporcionou benefícios às classes operárias da França, Inglaterra e Alemanha, com redução das
desigualdades do capitalismo.
Agora, a
resposta do capitalismo à atual crise é a guerra cultural para neutralizar o
inimigo, ponta de lança da extrema direita no mundo que levou à vitória de
Bolsonaro em 2018. Só possível pela produção do caos cognitivo via ecossistema de desinformação, institucionalizado por Steve Bannon e, no Brasil,
pelo bolsonarismo (mamadeira de piroca). É a mais poderosa arma já criada pelo homo
sapiens, via retórica do ódio, que tem trazido êxito à extrema direita
mundial.
Em 2022 Bolsonaro queria pinochetizar o Brasil - o ditador que privatizou todo o Chile -, assim como Tarcísio de Freitas.
(Fonte: resumo da aula de domingo 15 do professor João César de Castro Rocha (foto), no ICL. O linguista estuda a ascensão da extrema direita no Brasil
e no planeta.
Apavorante, principalmente porque os ignorantes, não só gostam, como procuram um cabresto.
ResponderExcluirLuciene Luna
ResponderExcluirPessoal, vamos compartilhar. Tem muita gente que ainda não entendeu nada.
Edineia Freitas
ResponderExcluirChega me dar calafrios! Qdo penso na extrema direita governando!!!
Pois é, estamos tendo uma mostra nos EUA de Trump
ExcluirCarlos Minc
ResponderExcluir😟😟🤔🤔
💪🏾💥💃🏿💪🏾🪘🙏🏼🌻
Miundinho Veríssimo
ResponderExcluirAssustador, o que se vê é um cenário de terror onde precisamos estar atentos a todo momentos
Se correr o bicho pega, se ficar, ele come...
ExcluirCelene Fonseca
ResponderExcluirAnálise redondinha, perfeita! É realmente por aí. Logo, o trabalho de desconstrução dessa ideia de ganho fenomenal é fundamental. O ICL tem cumprido muito bem esse papel, mas cada um de nós tem que entrar nessa briga.
Concordo plenamente. A aula de Rocha não poderia ter sido mais esclarecedora
ExcluirMaria Alice Bezerra
ResponderExcluirO Brasil correndo sérios perigos com uma possível ditadura.
Sim, a extrema direita ainda está longe de desistir
ExcluirMarcio F. Botelho
ResponderExcluirDiria que a estratégia é dupla. Eleger um presidente indicado por Bolsonaro, para lhe conceder a anistia, e em paralelo fazer a maioria no Senado. A via do golpe dessa vez será através do STF pelo impeachment de juízes e a indicação de juízes aliados do presidente, no mais puro estilo Órban, na Hungria, e Hugo Chavez, na Venezuela. É possível que Trump tente algo do gênero nos EUA já que na Suprema Corte de lá a maioria é de direita e muitos ja indicados por Trump. Nossa DEMOCRACIA e em todo mundo correm risco com os engenheiros do caos.
Eles estão em frenética atividade para voltar ao poder aqui
ExcluirMaria José França
ResponderExcluirA estratégia da extrema direita no Brasil...
Jorge Lúcio de Carvalho Pinto
ResponderExcluirEssa aula do prof José Castro vai na mosca de um projeto de ditadura que querem implantar no Brasil
Exatamente, durante o governo Bolsonaro ele já era uma voz altamente esclarecedora
ExcluirClécio José Henckes
ResponderExcluirAssisti na íntegra a aula inaugural do professor Castro Rocha! Recomendo!
Eu também, ele é fantástico
ExcluirRosemary Lopes de Carvalho
ResponderExcluirMuito boa a aula do Professor, no ICL, no domingo.
Sim, esse post é só uma palhinha
ExcluirMarion Monteiro
ResponderExcluirLi agora q alguns politicos de partidos q fazem parte dos ministérios de Lula votaram pela urgência para derrubar IOF.
Sim, traíras em ação, sem corar
ExcluirMarion Monteiro
ExcluirSem vergonha na cara
Katia Ganzelevitch
ResponderExcluirVamos repassar pra muuuuita gente.
É, porque se for depender do algoritmo estamos lascados
ExcluirM Christina Fernandes
ResponderExcluirMarion Monteiro, o que Lula está esperando para fazer um ministério de competência? Já ganhou a eleição, vendo aqueles que o traem e demora muito para fazer essa reforma ministerial.
Dá nos nervos
Vdd
ExcluirMarion Monteiro
ExcluirM Christina Fernandes Acho q ele achou ou foi aconselhado a criar esse monte de ministério para tentar apoio político. O fato é q não teve o apoio esperado e tá com a direita fritando ele.
ResponderExcluirJulio Auler
Celina Côrtes, o crime dos Bolsonaro é continuado e a estratégia é que o próximo Presidente seja o candidato indicado pelo Bolsonaro.
O Presidente eleito então anistia o Bolsonaro.
O STF então irá julgar a anistia inconstitucional.
Daí entram em cena os senadores apoiadores do Bolsonaro para promoverem o impeachment de membros do STF.
Se for pedida por u membro do clã pode até julgar, mas com Tarcísio as chances são de não haver nenhuma resistência
ExcluirFelipe Albano
ResponderExcluirA ( extrema) direita e a (extrema) esquerda não sabem o que querem. Basicamente, o que eles querem é o poder porque "fora do poder não há salvação."
Felipe Albano Claro que vc não poderia deixar a esquerda de fora desses abusos
ExcluirNelson Franco Jobim
ResponderExcluirOnde entra o capitalismo nesta narrativa?
Crises do capitalismo causaram a primeira e a segunda guerras e o crescimento do nazifascismo a partir dos anos 1920, como agora turbina esse fortalecimento da extrema direita no mundo
ExcluirNelson Franco Jobim
ResponderExcluirOnde entra o capitalismo nesta narrativa?
Nelson Franco Jobim
ResponderExcluirA Primeira Guerra Mundial foi causada pela ascensão da Alemanha e do conflito entre impérios, não por nenhuma crise do capitalismo. A Segunda Guerra Mundial foi causada pelo fracasso da Paz de Versalhes e pela Grande Depressão, uma crise do capitalismo. Agora, a crise é da democracia, não do capitalismo, é do fracasso ou erosão das ideologias que dominaram a segunda metade do século 20. Atribuir tudo a uma crise do capitalismo é uma explicação simplista. O capitalismo acaba de promover o extraordinário desenvolvimento da China. A transição hegemônica entre grandes potências sempre cria risco de guerra, mas as duas superpotências hoje são capitalistas.
Celina Côrtes
ResponderExcluirNelson Franco Jobim meu post foi 1 resumo da aula fantástica do professor Rocha. O que ele disse foi que a ascensão do nazifascismo é consequência de uma crise do capitalismo, assim como o fortalecimento agora da extrema direita, o que ele chama de utopia do capitalismo, cuja máxima é que os filhos serão mais ricos que seus antepassados, porque a geração da riqueza seria contínua e progressiva (o que não mais ocorre), e a exploração dos recursos naturais permanente, em negacionismo predatório que leva ao colapso do planeta. E o primeiro ataque dessa extrema direita é justamente aos preservacionistas
ResponderExcluir8 h
Responder
Nelson Franco Jobim
Celina Côrtes Discordo. A ascensão do nazifascismo é revanchismo, consequência da derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial, do tratamento da Alemanha e da Itália na Conferência de Paz de Versalhes e da Revolução Russa, que criou o fantasma do comunismo. Mussolini chega ao poder na Itália em 1922 e Hitler tenta dar o Golpe da Cervejaria em 1923. A Alemanha estava em crise e teve uma hiperinflação em 1923 por causa da dívida de guerra impagável. A crise do capitalismo veio no fim dos anos 1920 e ajudou Hitler a chegar ao poder em 1933 porque conservadores temerosos do comunismo preferiram entregar ao poder a um "cabo austríaco" que desprezavam e acreditavam que poderiam controlar, em vez de apoiar o social-democrata Friedrich Ebert. Quando a França se rendeu, em 1940, Hitler foi buscar o vagão de trem onde a Alemanha assinara a rendição em 1918, numa indicação de que considerava a Segunda Guerra Mundial uma continuação da primeira. A ascensão da extrema direita hoje se deve a uma crise da democracia, ao colapso do comunismo, à erosão da social-democracia europeia diante da ascensão da Ásia e ao fracasso do neoliberalismo em distribuir uma riqueza cada vez maior. Não há crise do capitalismo na Ásia, na China, na Coreia do Sul, na Índia e na Indonésia, estas duas últimas crescendo a 6% ao ano ou mais no caso da Índia. Claro que a Terra tem limites. A crise do capitalismo virá do esgotamento dos recursos da Terra. Por isso, a única esquerda que faz sentido no século 21 é uma esquerda verde, sem o ranço autoritário do marxismo.
Concordo com sua frase final. Vc é especialista em história internacional, Castro Rocha em extrema direita. Ambos têm razão.
ExcluirLetícia Coimbra
ResponderExcluirGosto muito e acompanho as análises do professor Castro Rocha, historiador e doutor em literatura. Para quem quiser saber mais sobre ele, procure no YouTube a entrevista do Chico Pinheiro com ele no ICL.
Sim, ele era dos melhores analistas políticos durante a gestão do Inelegível
ExcluirAdorei o Buscapix!
ExcluirLetícia Coimbra
ResponderExcluirCelina Côrtes E continua a ser muito interessante. Ele usa o conhecimento de história e literatura para compreender o contexto e antever o cenário político. Na juventude foi enxadrista.
Nelson Franco Jobim
ResponderExcluirSou pesquisador do neofascismo. Respeito as opiniões do professor, que aprecio muito quando crítica a extrema direita brasileira
Maria Lúcia De Oliveira Bastos
ResponderExcluirÉ isso mesmo! Vejam bem quem compõe a maioria do nosso congresso!
Maria Lúcia De Oliveira Bastos
ResponderExcluirÉ isso mesmo! Vejam bem quem compõe a maioria do nosso congresso!
Deise Vieira
ResponderExcluirQue aula a do professor Castro Rocha! Assisti à segunda parte também. Uma das melhores, do ICL.
Elivaldo Saldanha
ResponderExcluirBoa noite meu amigo. Mas é isso mesmo, mas como colocar na cabeça do povo uma manobra dessa, que muitos ainda pensam que basta eleger um presidente que muda todo o contexto de uma governança? estamos vendo agora um congresso omisso aos interesses do povo e que só pensa em votar contra projetos do governo, que sejam bons à população vulnerável. Votam contra e muitos nem sabem porque estão votando. Querem apenas avacalhar o governo. Este texto retrata bem as monografias da direita, é perigoso sim. Repito: Como incutir na cabeça do eleitor leigo que são a maioria?
Meri Laite
ResponderExcluirMuito lúcido!
Gerson Riviello
ResponderExcluirÓtima retrospectiva.