Novo filão de enriquecimento

A AGU solicitou ao ministro Alexandre de Moraes que operações financeiras suspeitas realizadas no Brasil, antes do anúncio do tarifaço de 50% pelos EUA, sejam incluídas no inquérito que investiga Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Ela vê indícios de uso de informação privilegiada em transações cambiais feitas no país horas antes do anúncio das novas tarifas pela gestão de Donald Trump.  

A suspeita é de que investidores lucraram pelo conhecimento antecipado das sanções, o que seria crime contra o mercado financeiro, com pena de um a cinco anos de prisão, e multa.

Suspeitas que cresceram após a publicação do investidor Spencer Hakimian, fundador da Tolou Capital Management. Ele sugeriu ganhos de até 50% nas operações baseadas em informações antecipadas sobre as tarifas.

Às 16h17 do dia 9 de julho, Trump compartilhou em sua rede, a Truth Social, a carta a Lula impondo o tarifaço. Até assessores próximos do republicano foram surpreendidos, enquanto alguns investidores sabiam exatamente o que ia acontecer antes da  ameaça se concretizar. 

Por volta das 13h30 do mesmo dia, foram comprados de US$ 3 bilhões a US$ 4 bilhões, a R$ 5,46, em claro movimento de aposta contra o real. Dois minutos após o anúncio, com o dólar já valorizado, volume parecido foi vendido a R$ 5,60, o que foge do padrão das transações com a moeda brasileira. 

O problema é que é muito difícil identificar de quem partiu o golpe, não restrito ao Brasil. Algo semelhante aconteceu quando foram anunciados aumentos de tarifa em relação à África do Sul e ao México. Ou seja, pode ter partido de investidores norte-americanos.

Quem sabe até do próprio Trump, em gananciosa descoberta de um novo filão para enriquecimento. O problema é que os órgãos americanos responsáveis por investigação como essa estão sob domínio do líder americano.

Se a AGU vai chegar a algum resultado não se sabe e, aparentemente, dessa vez os Bolsonaro não têm nada a ver o pato (embora também possam ter faturado com esse tipo de operação). O que mais surpreende é o quanto os EUA, o mais rico país do planeta, está sujeito a esse tipo de falcatrua, sem qualquer ferramenta eficaz de averiguação.

Já não se fazem mais democracias como antigamente...