Velho escândalo pode complicar Trump

 

Os EUA são mesmo um país sui generis. Após Donald Trump atiçar uma horda de aloprados a invadir o Capitólio – cujo saldo foram cinco mortes -, implodir o comércio internacional com taxas/sanções, expulsar dos EUA imigrantes acorrentados e sofrer várias denúncias de estupro, o caso Epstein pode ser o estopim para seu impeachment.

O assunto esquentou após recente reportagem do The New York Times, com novos detalhes sobre os laços entre o presidente dos EUA com o financista Jeffrey Epstein, condenado por crimes sexuais com menores antes de ser encontrado morto na prisão, em 2019. Trump era presidente dos EUA na ocasião e o veredicto foi suicídio.

Segundo o NYT, Trump teria organizado uma festa privada em 1992 em seu resort Mar-a-Lago, na Flórida, onde Epstein era o único convidado. O evento, batizado de "Garotas do Calendário", só reuniu "jovens mulheres”.

O empresário George Houraney, coordenador da festa, disse ao jornal ter estranhado a ausência de outros VIPs no evento. "Eu disse: ‘Donald, esta deveria ser uma festa com convidados importantes. Você está me dizendo que é só você e Epstein?", revelou Houraney na entrevista.

Jill Harth, então namorada do empresário, afirmou ter sofrido assédio sexual por Trump naquela noite. No processo judicial, disse que ele a forçou a ficar em um quarto, onde a beijou e tocou sem consentimento. O caso foi encerrado após acordo extrajudicial em 1997. Trump negou tudo.

Após investigação, o NYT sustenta que Trump e Epstein foram amigos por cerca de 15 anos, encontrando-se em festas em Palm Beach e Nova York. Na carta divulgada entre os dois, o líder americano derreteu-se: "um amigo é uma coisa maravilhosa. Feliz Aniversário - e que cada dia seja outro segredo maravilhoso entre nós".

Fora a pobreza no uso de adjetivos, a correspondência ilustra a proximidade de ambos. Essas e outras revelações sobre o forte vínculo existente entre os dois tem prejudicado a imagem do republicano, sobretudo na sua base de apoio, que espera a prometida revelação de segredos que permanecem secretos.

Ainda assim, o Departamento de Justiça de Trump - dominado pelo próprio - encerrou o caso. Aliados e opositores se unem em condenar o líder americano sobre o mal explicado - como tantos outros, que não deram tanta audiência - caso. É que os americanos não resistem a nada que reúna celebridades, dinheiro, pedofilia, suspense e mau caratismo.

Quanto ao Brasil, o líder americano quer "derrubar a república" para nos transformar em vassalos da Internacional reacionária, a qual lidera, segundo o cientista político Christian Lynch.