Evangélicos prontos para a 'guerra'

 

Enquanto a extrema direita ainda não cravou quem será seu candidato em 2026, igrejas evangélicas já estão a todo o vapor para eleger seus candidatos. É o caso da Universal do Reino de Deus, maior igreja pentecostal do país, que diz ter sete milhões de fiéis (pelo IBGE são 1,8 milhão).

Líder e fundador do conglomerado, o bilionário Edir Macedo (foto) quer aumentar seu poder político para impor pautas conservadoras, tentar impedir a vitória do PT e da esquerda. Além da igreja, ele é dono da TV Record, do banco Digimais e de mais 120 empresas. E domina o partido Republicanos (44 deputados federais, quatro senadores e 433 prefeitos) .

Não é pouca coisa...

A articulação e formação política da Universal se dá pelo  Arimateia, grupo comandado pelo bispo Alessandro Paschoal, cujo salário bruto em julho foi de R$ 34,7 mil, recebidos da Alesp. A estratégia é misturar o discurso religioso ao político através dos pastores ‘obreiros’ - a arraia mais miúda.

Conforme documentos encontrados pelo Intercept, o grupo dispõe de um raro registro sobre o funcionamento da máquina de votos da Universal, que entra em ação muito antes do ano eleitoral, livre de qualquer regulação. 

São feitos relatórios sobre títulos de eleitores fieis, esquemas de pirâmide para multiplicar as adesões e visitas domiciliares. Tudo à base de muito pânico.

Nas mensagens de Paschoal, derrotar a esquerda é uma ‘missão espiritual’. Nos templos maiores, os mais de 700 fieis são obrigados a garantir sua participação no programa político, número que cai a 300 nas igrejas menores. Em ambos, os pastores têm que cumprir metas.

Os fiéis são orientados a convidar familiares, vizinhos e conhecidos para ouvir informações, comentários políticos, áudios e vídeos do grupo Arimateia. Para o advogado Fernando Neisser, da FGV, o uso da dos bilhões de reais e meios de comunicação pela igreja pode ser considerado “abuso de poder econômico”.

 Só que até chegar a acusações do gênero, eles já mobilizaram multidões e conseguiram realizar seu objetivo.

Enquanto isso, o pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, aliado de Bolsonaro (e amiguinho de Eduardo Paes), só aumenta o tom de suas provocações. Conforme os próprios evangélicos, ele cava sua prisão por mais fama por seu discurso de perseguição política. 

Como bem dizia o velho Leonel Brizola, “se os evangélicos entrarem na política o Brasil irá para o fundo do poço, retrocederá vergonhosamente e matarão em nome de Deus”.