Portas se abrem

 

Embora tenha ‘acertado na mosca’ com seu discurso na Assembleia da ONU, ainda é cedo para comemorar os resultados do encontro entre Lula e Trump na próxima semana. Seus interesses são opostos e todo cuidado é pouco para o brasileiro não cair numa armadilha do republicano.

Segundo o Fórum Teresina, o Itamaraty está rachado em dois. Um defende o encontro virtual - para fugir de arapucas como a armada contra Cyril Ramaphosa, presidente da África do Sul. Outro, tenta marcar em Mar a Lago, na residência de Trump, tanto por ser um ambiente mais informal, quanto por permitir que Lula vá e volte no mesmo dia. 

E a espontânea química não teria sido tão espontânea assim. Esforços diplomáticos do Itamaraty, de empresários brasileiros e americanos - do qual a Casa Branca, MAGA, não participou - previam um 'esbarrar' de 10 minutos entre os dois, limitados a 39 segundos por atrasos de ambas as partes.

Nosso presidente está otimista: "Acho que vamos conversar como dois seres humanos civilizados. Não há espaço para brincadeiras. Quando tivermos o encontro acho que tudo será resolvido e Brasil e EUA voltarão a viver em harmonia."

Enquanto isso, nada nos impede, porém, de saborear a repercussão da fala de 15 minutos do presidente - considerada a sua melhor até hoje na ONU -, prolongada pelas sete interrupções dos aplausos entre os presentes. Fernanda Montenegro foi uma que se derreteu em elogios:   

"Presidente Lula, o senhor dignificou, o senhor honrou o nosso Brasil ao pronunciar seu extraordinário discurso na abertura da Assembleia Geral da ONU. Como brasileira, agradeço”, disse, em mensagem assinada de próprio punho.

Emmanuel Macron, o presidente da França, chamou o presidente brasileiro de “grande guerreiro”.

O New York Times definiu o discurso de Lula como "poderoso" e pôs no título de sua matéria “Trump adota tom mais suave sobre o Brasil, após discurso contundente de Lula”. Isso fora a tal “química” citada pelo republicano após encontro de segundos com o brasileiro, também confirmada pelo próprio em seu primeiro comentário sobre o episódio.

O britânico The Guardian disse que Lula “lançou uma defesa apaixonada da democracia de seu país, alegando que a recente condenação de seu antecessor de extrema direita, Jair Bolsonaro , mostrou ao mundo como ‘aspirantes a autocratas’ podem ser subjugados”.

O fato é que, após meses sem chances de encontrar-se com Trump, a situação é no mínimo alvissareira. E promete enterrar a única chance de Bolsonaro escapar de sua condenação - o monopólio da dupla Eduardo e Paulo Figueiredo sobre Trump já era.

Agora, resta Lula sair do evento bem melhor do que entrou...