Lula e Trump se aproximam

 

Após a “química” da Assembleia da ONU, as relações entre Donald Trump e Lula quase viram arroz de festa...Ontem de manhã, o líder americano ligou para o brasileiro e os dois se falaram meia hora por videoconferência. Ambos sabiam da agenda, mantida em sigilo pelos respectivos governos.

Lula pediu o fim das tarifas comerciais de 40% sobre o Brasil e das medidas judiciais contra autoridades brasileiras. Trump, que classificou o contato como “muito bom”, disse que economia e comércio foram os assuntos principais, porém, não mencionou os pedidos de Lula. “Nossos países se darão muito bem juntos”, arrematou, no seu estilo morde e assopra.

E, se houve um avanço, houve também retrocesso, na indicação da futura interlocução entre os dois presidentes ao ideológico secretário de Estado Marco Rubio, defensor do tarifaço contra o Brasil. No fim, contudo, quando Trump manda, ele obedece...   

Para analistas econômicos, a guinada de Trump em relação ao Brasil foi motivada por uma forte razão: em agosto, as exportações brasileiras para os EUA caíram 18,5%, enquanto cresceram como um todo  3,9%.

Ou seja, Trump, que de bobo não tem nada, percebeu que as retaliações ao governo brasileiro podem ser contornadas pela segunda maior democracia do continente americano. E, o aumento da inflação, sobretudo de produtos brasileiros como o café e carne, irritam  os empresários e consumidores de lá.

O republicano deve ter começado a perceber que embarcava na canoa errada de Dudu Bananinha e Paulo Figueiredo, bolsonaristas agora desesperados em perder o monopólio do relacionamento com a Casa Branca, sem que o processo contra Bolsonaro tivesse sido revertido. Nada que justificasse o rompimento de 200 anos de relações diplomáticas.

Ou seja, um tiro que saiu duplamente pela culatra, porque não causou os danos previstos contra o Brasil e, pior, deu de bandeja a Lula o discurso de defesa da nossa soberania, que impulsionou sua popularidade às vésperas do ano eleitoral. 

O republicano falou de um encontro físico “não muito distante, tanto no Brasil quanto nos EUA". Enquanto o nosso Itamaraty – que conseguiu conter os arroubos iniciais de Lula e agora colhe os frutos do que plantou -  sugere a Cúpula da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático), na Malásia, onde ambos já confirmaram presença no fim do mês.