O consenso é uma ilusão
Recentemente falei aqui de pesquisas que indicam a chance de Lula se reeleger em primeiro turno, o que de nada adiantará se mantivermos o mesmo perfil do Congresso, que voltará a apostar suas fichas em inviabilizar o governo.
E quem fez uma análise abrangente sobre pesquisas, no Canal Meio, é o filósofo Wilson Gomes (foto), da Universidade Federal da Bahia, que ajudam a entender as várias camadas existentes entre os brasileiros. Ele distingue a estridência das minorias da invisibilidade das maiorias.
Embora seja só 12% da direita, o bolsonarismo age como se fosse a única e verdadeira
direita, enquanto 26% dos que se inserem na direita não são bolsonaristas.
Os bolsonaristas são
mais ricos, mais escolarizados e mais radicalizados. Priorizam a sobrevivência
de Bolsonaro. Dominam as redes, pautam o noticiário e definem o clima político.
A outra direita é mais pobre, mais preocupada com segurança e custo de vida,
menos interessada em guerra cultural e tem outras prioridades à anistia. Ambos
têm afinidades ideológicas. E só. Acontece que a visibilidade costuma valer
mais do que a quantidade:
Já outro levantamento, do think tank More in Common – liderado pelo cientista
político Pablo Ortellado - em parceria
com a Quaest, mostra que o Brasil não se divide só em duas metades que
se odeiam. Há os Progressistas Militantes (5%); a Esquerda Tradicional (14%), os Desengajados (27%), Cautelosos (27%), Conservadores Tradicionais (21%) e Patriotas Indignados (6%).
Só os Progressistas
Militantes e os Patriotas Indignados formam os extremos vocais da polarização
política, embora somem meros 11% da população. Os Desengajados e Cautelosos são
54% , o grosso da “maioria silenciosa”: gente que quer tranquilidade, ver os
problemas sociais resolvidos pela política, sem cruzadas morais, porém.
E é nessas duas categorias que Lula mais cresce.
Patriotas indignados
veem em Lula a usurpação de um poder que, por direito, pertenceria à “maioria
conservadora”. Já setores progressistas radicais consideram opiniões
divergentes sobre costumes ou segurança agressões intoleráveis a direitos
humanos. Ambos acreditam estar do lado certo — e, mais grave, do lado da
maioria.
São pesquisas que
revelam um país muito mais fragmentado do que supomos. Nenhum grupo sozinho
soma um terço do eleitorado. Só que as minorias mais engajadas dominam a esfera
pública porque falam alto, e o ruído, em tempos digitais, é a nova métrica da
força.
O cidadão comum,
cercado por gritos de um lado e do outro, sente-se compelido a escolher um
campo — ou a calar-se. É assim que a “maioria silenciosa” se torna, de fato,
quieta e aparentemente aquiescente: não por falta de opinião, mas porque sua
voz não se faz ouvir na algazarra política geral.
Para Gomes, reconhecer
a ilusão do consenso é um passo essencial para reconstruir o espaço comum.

Carlos Lima
ResponderExcluirÉ um absurdo num país tão desigual como o Brasil ainda existir direita e extrema direita q governaram o Brasil por mais de 500 anos e não transformaram o Brasil num país de primeiro mundo, pelo contrário desgraçaram com o Brasil e agora leva tempo pra consertar toda desgraça feita.
Mindinho Veríssimo
ResponderExcluirQueremos democracia, Lula 2026 e bolsonaro preso. E um congresso melhor né?
Cesar Pinho
ResponderExcluirPrecisamos nos esforçar para mostrar a essa maioria silenciosa a importância de escolher candidatos a Câmara Federal e ao Senado verdadeiramente comprometidos com o social e que está em jogo a soberania brasileira.
Uma campanha árdua: o Brasil é dos brasileiros...
Então precisamos falar muito a que brasileiros estamos nos referindo...
Sim, eles são os principais alvos. Não adianta reeleger Lula e manter um Congresso reacionário como o atual, senão pior
ExcluirLuciana Saragiotto
ResponderExcluirInfelizmente não ganha no primeiro turno. Mas seria lindo de ver.
Apesar de remota, a chance existe
ExcluirCarlos Peixoto Filho
ResponderExcluira pesquisa chefiada pelo ortelado é muito criticada por suposto enviesamento das perguntas. não tenho opinião, não li o questionário.
Celina Côrtes
ExcluirCarlos Peixoto Filho Excepcionalmente ñ li o Globo no domingo em que a pesquisa foi lançada. De qq forma o Ortellado me inspira mta confiança
Carlos Peixoto Filho
ResponderExcluirCelina Côrtes se eu entendi as objeções, seria quanto ao questionário que segue um padrão internacional. o ortelado retirou a chancela USP daquela contagem de cabeças em manifestação que ele faz. acho ele sério, mas anda numa fase ruim.
M Christina Fernandes
ResponderExcluirPara reflexão.
Nelson Souto Maior
ResponderExcluirA população é conservadora, fato. E são esses que elegem o congresso. Não adianta discurso de esquerda, que só afasta o eleitor, pois durante anos a minoria barulhenta fez o discurso conservador e a esquerda sempre caiu nessa armadilha. Moderar o discurso é a receita, pois ainda estamos longe de nos tornar um Uruguai.
Lula tem grande chance de se reeleger se não cair na armadilha da direita, que cometeu muitos erros e ajudou no aumento de sua popularidade. É bom não se iludir o jogo ainda não está ganho.
Celina Côrtes
ResponderExcluirNelson Souto Maior sim, ainda há mto pela frente, embora a largada esteja sendo promissora
Eduardo Assunção
ResponderExcluirOs segmentos do eleitorado e a força do centro!
ResponderExcluirGloria Santos
Muito boa a análise! E é essa maioria 'silenciosa' que decide as eleições.