Castro continua escapando da Justiça

 

Apesar de a ministra Maria Isabel Galotti, do TSE, ter votado pela cassação do mandato de Cláudio Castro, por abuso de poder político e econômico na campanha à reeleição, em 2022, o julgamento foi suspenso por duas semanas pelo pedido de vista do ministro Antônio Carlos Ferreira.

Segundo a colunista Malu Gaspar, a estratégia do grupo -. o ex-vice-governador Thiago Pampolha, Gabriel Rodrigues Lopes, ex-presidente da Ceperj; e o deputado estadual Rodrigo da Silva Bacellar – também condenados por Galotti – é protelar o julgamento até o ministro Kássio Nunes Marques assumir a presidência do TSE, em agosto de 2026.

Como se sabe, 0 bolsonarista Nunes Marques é infinitamente mais condescendente que Cármen Lúcia e tem tudo para absolver os implicados, apesar das provas contundentes. Afinal, em maio de 2024 o TER-RJ absolveu esta mesma turma, decisão que o ex-deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ) e o Ministério Público pretendem reverter.

O processo trata de supostas contratações irregulares na Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro (Ceperj) e na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) que culminaram a reeleição de Castro.

Conforme a acusação, a descentralização de recursos ocorreu para fomentar a contratação de 27.665 pessoas, o que representou gastos de R$ 248 milhões.

Durante o julgamento, o vice-procurador eleitoral, Alexandre Espinosa, defendeu a cassação de Castro e sua condenação à inelegibilidade por oito anos. 

"A prova dos autos autoriza a caracterização do abuso de poder político e econômico, com gravidade suficiente para confiscar a legitimidade do pleito. Essa procuradoria eleitoral se manifesta pelo provimento do recurso para fixar a conduta vedada, a prática do abuso de poder político e econômico, cassando o diploma dos investigados eleitos, declarando a inelegibilidade pelo prazo de oito anos”, sustentou Espinosa. 

Como se viu após a Operação Contenção, que matou 121 pessoas - sendo 17 delas sem ficha criminal -, Castro comemorou um aumento de popularidade que levou seu nome a voltar a ser cotado para o Senado pelo PL em 2026.

O acúmulo de ilicitudes do desconhecido cantor de gospel, alçado a governador por duas gestões, deveria ser decisiva para puni-lo e afastá-lo de vez de cargos políticos. Ainda não se sabe, porém, se a justiça, além de tardar, será cega.