O triste fim do mi(n)to

 

Bolsonaro se recupera na prisão domiciliar. Já não sofre crises de soluços ou vômitos. Seu brilho (do mal), porém, se apaga a cada dia, embora ainda não tenha se extinguido totalmente. Não se ouviu um "ai" dele sobre a Operação Contenção...

Já os governadores de direita decretaram independência do mi(n)to, ao hastear a bandeira da segurança. Ou melhor, da matança, aprovada pela maioria da população, incapaz de ver que não houve dia seguinte ao extermínio, os moradores  que permanecem abandonados à própria sorte.

O recurso da defesa do ex-presidente, que pede redução da pena de 27 anos e três meses, será julgado virtualmente pela Primeira Turma do STF na próxima sexta-feira. 

Os próprios advogados sabem que é quase impossível que os magistrados concordem com a redução da pena porque Bolsonaro teria “mudado de ideia sobre o golpe”. Mesmo que isso tivesse acontecido, deu-se após uma sequência de ilícitos. No máximo, podem conseguir prisão domiciliar.

(Já se especulam 15 dias de detenção na Papuda).

Ou porque Luiz Fux – não mais a única voz discordante da Primeira Turma por ter debandado para a Segunda, em busca de maioria junto aos parças Nunes Marques e André Mendonça – o absolveu. Seriam necessárias ao menos duas vozes discordantes para mudar alguma coisa.

Eles não desistem, porém, porque devem levar rios de dinheiro para tentar evitar o inevitável. Os advogados ainda tentam uma revisão criminal. O que permitiria que o caso passasse a ser julgado pela Segunda Turma.

Só que, conforme O Globo – que ontem nem publicou a notícia na capa, porque ela cheira a naftalina -, o STF só concedeu uma revisão nos últimos 25 anos, porque a medida requer novas provas quando a sentença for contrária à lei.

E não será a essas alturas que a defesa conseguirá garimpar algo novo a favor do cliente. Após o julgamento de sexta-feira os advogados terão mais cinco dias corridos para apresentar sua última tentativa de aliviar o capitão.

A pena foi decidida pelo STF em 11 de setembro de 2023. Ou seja, Bolsonaro se desgasta há mais de dois anos, daí o progressivo apagão em sua luz própria. Aquele estilo prendo e arrebento foi reduzido a uma chama quase apagada.

De anistia já não se ouve mais falar. A direita desistiu dele faz tempo. Restam os filhos. Nem a mulher tem atuado para livrar a cara do marido. Talvez até ela torça para a prisão em regime fechado porque, até agora, é quem mais se expôs ao convívio diário com um homem amargurado e deprimido.

Doloroso caminho rumo ao ocaso...