O próximo vassalo

 

O que já era esperado aconteceu. Augusto Aras foi reconduzido ao cargo por ampla maioria, após abusar da habilidade de garantir aos parlamentares que eles já não precisam se preocupar em ser processados pela Lava Jato. Até mesmo daqueles que preferem prevenir qualquer risco futuro, como parece ter sido o caso do petista Rogério Carvalho.

Na contramão do que havia afirmado Lula (“Eu não quero um amigo meu. Quero uma pessoa em que a sociedade possa ter confiança”), Carvalho chegou a participar do tapete vermelho de boas-vindas a Aras, conforme o colunista Bernardo Mello Franco. Foi um jogo muito bem jogado por Bolsonaro para se manter invicto a qualquer ameaça incômoda.

Entre outras iscas, Aras prometeu criteriosa análise do relatório da CPI da Covid – o que não significa que se disporá a enviar Bolsonaro à forca. Apesar das sucessivas evidências, negou alinhamento com o presidente e tirou o corpo fora das rachadinhas de Flávio, o 01, alegando que o caso nunca chegara a Brasília...

Enquanto isso, os senadores se veem obrigados a postergar a sabatina de André Mendonça pelo menos até depois do 7 de setembro. A cobiçada vaga no STF virou moeda de troca do Senado para tentar conter os ânimos golpistas do presidente no Feriado da Independência. A que ponto chegamos...

Uma das preocupações dos senadores seria, como foi na PGR, uma suposta influência de Bolsonaro sobre o magistrado. E para quem ainda tinha alguma dúvida sobre isso, o próprio capitão tratou de desfazê-la a seus apoiadores:

“Ele (André Mendonça) firmou dois compromissos comigo: um é, em toda primeira sessão da semana, começar com uma oração”, disse o 'religioso' presidente, que parece não se dar conta de que o Brasil é um país laico.

O segundo compromisso foi ainda mais comprometedor: “O outro é almoçar uma vez por semana comigo”, completou. Que assuntos serão tratados nessa refeição? Abobrinhas? Claro que as decisões que Bolsonaro espera de seu indicado são a vassalagem de um marionete.

Portanto, se a PGR, Abin, ministério da Justiça, parte da PF, das Forças Armadas e da PM estão dominados, o último bastião de resistência ao déspota ameaça ceder. Veremos quais serão os próximos capítulos ...