A dança das cadeiras

 

A nove dias das eleições já começamos a ver comportamentos de ‘fato consumado’. Ciro Nogueira, o ás das campanhas sórdidas, foi para o Piauí cuidar da própria candidatura.

 Arthur Lira dá acesso a deputados à resposta 'sigilosa' sobre mensagens do celular do ex-presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, capazes de incriminar o mandatário, conforme o colunista Laura Jardim. 

Expoentes do Centrão encontram-se com emissários de Lula. O mesmo ocorre com embaixadores. Isso sem falar na elite da burocracia estatal. Aparentemente, o capitão já era. Apesar de seus esforços hercúleos em provar o contrário.

Outro horizonte promissor é o do orçamento secreto, considerado o verdadeiro golpe por analistas políticos. São R$ 16,5 bilhões liberados aos caciques. Transparência zero. Foi a maracutaia inventada pelo Presidente e endossada pelo general Luiz Eduardo Ramos para garantir o apoio parlamentar.

Cheque em branco repassado a Lira (R$ 11 bilhões) e Rodrigo Pacheco (R$ 5 bilhões), para que estes invistam em seus redutos eleitorais, com zero preocupação com as reais necessidades do país.

Como ficaria o maldito mecanismo - de fazer inveja ao mensalão - num governo Lula, já taxado por ele de excrescência? Como exterminá-lo sem que o Parlamento se conforme com a perda?  Segundo a jornalista Malu Gaspar o ex-presidente já teria encaminhado aliados ao STF para que ele tome as rédeas da questão.

“Conversando com integrantes da Corte nos últimos dias, concluí que Lula nem precisa fazer muito esforço. Os ministros se preparam para julgar as ações sobre o assunto logo após a eleição e tendem a declarar o orçamento secreto inconstitucional”, diz ela.

Um novo governo petista seria apoiado por no máximo 200 deputados entre 513, ou seja, sem maioria. Parte do Centrão, porém, poderia migrar para a base do futuro presidente sem o orçamento secreto. Assim, ele conquistaria essa maioria e poderia interferir na eleição do próximo presidente da Câmara.

E o que ainda não se tem ideia é da reação dos generais de estimação, que perderiam seus salários milionários sob uma nova gestão...Saboroso é imaginar o destino de um Augusto Aras e de sua vice, ávida em substituí-lo, ou da banda aparelhada da PF...

Tudo bem que ainda há muitos “ses”. Porém, a nova pesquisa do Datafolha segue nessa mesma linha: 47% para Lula e 33% para o dirigente, que tem 52% de rejeição. O petista tem mais pontos que a soma dos adversários, Ciro, com 7% e Simone Tebet, 5%.

E resta saber até quando Ciro Gomes - cuja chance de chegar ao segundo turno é nula - manterá sua teimosia, mesmo contra os argumentos do prêmio Nobel Adolfo Pérez Esquivel (foto) e de brizolistas históricos do PDT. 

Caso resolva ceder, poderemos ter a certeza de que o pesadelo do populismo reacionário se foi de vez.

No primeiro turno.