A ascensão dos podres

Não sei o que choca mais, se Ricardo MotoSerra Sallles insistir em sua candidatura à prefeitura de São Paulo, ou o fato de o inelegível palpitar a favor do seu parceiro na destruição da floresta.

Inicialmente, por sinal, ele fora contra. O que o teria feito mudar de ideia?

A certeza de impunidade de Salles era tanta que ele não se poupou a posar para fotos diante das árvores destruídas. 

Me sinto uma ignorante em política por não conseguir compreender como que alguém cercado de podres e processos por todos os lados, à beira de uma decisão que o leve à prisão, tem a pretensão de achar que ainda tem poder de influência.

Até o presidente do PL do capitão e de Salles simpatiza com a reeleição do emedebista Ricardo Nunes, para mim, também longe de ser o ideal. Pois o rei da armação não só conseguiu escapar da cadeia por seus mal feitos no governo anterior, como foi o quinto deputado mais votado em 2022. 

Cria estratégias para viabilizar sua candidatura a prefeito e já está em segundo lugar nas pesquisas.

A principal é sua saída do PL, para a qual ele já conseguiu do  cacique Valdemar Costa Neto autorização para deixar o partido sem perder o mandato. O acordo foi costurado pelo capitão, que se comprometeu a indicar o vice de Nunes. Aparentemente, continua a tirar o corpo fora da candidatura de Salles. 

Afinal de que lado ele joga? Tudo podre, de vomitar.

Enquanto isso, outro fruto do bolsonarismo, o deputado Eduardo Pazuello, que, inacreditavelmente, também escapou de seus crimes durante a pandemia à frente do Ministério da Saúde, preside a recém-criada Frente Parlamentar em Apoio ao Petróleo, Gás e Energia.

Pela composição dos líderes do grupo, não pode ser boa coisa. O vice é o deputado Altineu Côrtes (PL-RJ), que veio a público lamentar a inelegibilidade do capitão e garantir que o mesmo nada tinha a ver com a fraude nas vacinas, agora confirmada pela delação do ex-faz tudo Mauro Cid.

Além do vice-presidente Washington Quaquá (PT-RJ) – o que ele estaria fazendo nesse ninho de PLs? – e Alexandre Ramagem (PL-RJ), que seria o responsável pela arapongagem da Abin entre políticos e jornalistas no período em que presidiu o órgão, durante a gestão do mi(n)to.

Para completar, a ex-primeira-dama está na frente na disputa da eventual vaga no Senado, caso Sérgio Moro seja cassado;

Por que será que toda essa turma ligada ao ex-presidente não cheira bem? Será que todos foram capazes de incorporar os vícios do chefe ou já seriam ruins logo na largada?