Sabesp faz caixa para campanha

 

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (foto), jura de pés juntos que não será candidato à presidência em 2026. A Faria Lima, por sua vez, garante que ele é o cara. Na semana passada ele já fez um caixa gordo com a pouco transparente privatização da Sabesp, a maior empresa de saneamento do Brasil e uma das maiores do mundo, que vinha batendo recordes de lucratividade. Foi um presente à Equatorial, única participante do leilão, com experiência em energia elétrica e nenhuma em saneamento básico. O governo paulista recebeu R$ 14,8 bilhões por 32% da companhia, da qual perdeu o controle.  As ações foram arrematadas 22% abaixo do valor de mercado. Uma pechincha e tanto, de pai para filho. A empresa pagou R$ 67 por cada ação da Sabesp, No mesmo dia, o valor da ação pulou para R$ 82, em típica mágica do mercado financeiro. Os próximos passos já são conhecidos: demissões em massa, programas de demissão voluntária e terceirizações. Acionistas enriquecendo e usuários recebendo serviços cada vez piores. Tudo em nome de uma fictícia eficiência.      Os exemplos ainda estão vivos na memória dos paulistas, como foi com a compra da Eletropaulo pela Enel, também em nome de mais eficiência até hoje nunca alcançada.  Pelo contrário. As demissões em massa, terceirizações e precarização dos trabalhos reduziram os custos operacionais, porém, levaram a apagões de mais de 120 horas na região metropolitana. E daí? E, como lembra o Intecept, há sete meses a presidente do Conselho de Administração da Sapesp integrava o conselho da Equatorial. Sobre isso a mídia permaneceu muda. Tarcísio, conforme o modelito predominante no país, continua garantindo que não será candidato à presidência em 2026. Contudo, além de agir como tal, certamente já garantiu um caixa gordo para entrar de cabeça na campanha. A aposta, mais uma vez, é de que o saneamento – apesar de sua vital importância para o desenvolvimento do país com mais saúde para a população – vai continuar a ser um serviço subterrâneo, que não dá votos. A não ser que seja desencadeada alguma epidemia incontrolável no estado, o que ainda pode levar tempo. E, quando acontecer, o governador já estará em plena campanha para assumir o cargo mais importante do país.