The End para a Lava Jato?

Uma bomba pode atingir a já combalida Operação Lava Jato. A defesa de Alberto Youssef teve acesso a mais de 210 horas de áudios gravados em grampo ilegal instalado na cela do doleiro. Sérgio Moro e procuradores da 13ª Vara Federal de Curitiba sempre negaram a existência de gravações.

Como se sabe, a delação premiada de Youssef originou os principais processos da Lava Jato. Foram 10 dias consecutivos de gravações na carceragem da PF, o que pode inviabilizar toda a operação.

A defesa do doleiro pode não só pedir a anulação da delação, como entrar na Justiça contra Sergio Moro, que chegou a negar por três vezes a existência de gravações.

Uma sequência natural do processo seria a sua condução ao STF e ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Sabe-se também da antipatia dos magistrados pela maneira nada republicana como Moro costumava agir.

O acesso às gravações foi concedido pelo juiz Guilherme Roman Borges, há duas semanas substituto na 13ª Vara Federal de Curitiba. Enquanto isso, tramita na Justiça o processo que investiga a escuta ilegal. O próximo passo dos advogados é concluir a perícia nos áudios.

Com isso, a defesa pode ter elementos para confrontar os investigadores da operação, agora pegos com a boca na botija dos áudios. E mais: as gravações podem anular a delação de Youssef e invalidar os efeitos de toda a operação.

Conforme os diálogos publicados na reportagem Vaza Jato, do Intercept, que começou a virar a Lava Jato do avesso e culminou na libertação de Lula, esse era o principal temor de Deltan Dallagnol, braço direito de Moro na Operação.

E toda vez que entra em ação um juiz substituto na 13ª Vara,  surgem novos fatos, por sinal. Foi assim com o juiz Eduardo Appio – cujo processo acaba de ser arquivado pelo CNJ -, que permitiu a volta ao país de Tacla Duran, advogado da Odebrecht, não mais sob a ameaça de um mandado de prisão.

Duran pôde então expor a chantagem sofrida de Moro e Dallagnol, que cobravam taxas mensais de R$ 50 mil de pessoas – como ele próprio - e empresas investigadas em Curitiba, para que não fossem presas.

“Na situação que eu estava não tinha por que eu fazer um acordo de delação, porque não tenho crime para delatar. Eu era advogado da empresa. Eles queriam informação de empresas e queriam me pressionar para isso como advogado. E eu não aceitei. E vieram as intimidações, ameaças de prisão”, denunciou Duran.

Ao invés de dar prosseguimento ao caso, Appio foi afastado da 13ª Vara pelo CNJ e o assunto esfriou.

 Agora, parece que a operação não escapa do vinagre.