A fórmula do sucesso

 

Meus leitores que me perdoem. Não dá para deixar de falar no Boçal (ao menos omitirei seu nome, para não render propaganda). A Agência Pública desvendou o modus operandi do delinquente - que criou caos na disputa eleitoral paulistana - e reproduzo aqui: 1 - Após suas 14 milhões de contas serem suspensas pela Justiça eleitoral, ele ganhou mais de 2,7 milhões de seguidores só em um dia. Junto a Ellon Musk, senta no trono do faroeste digital. Não tem ideias ou projetos. Ele é o produto. 2 – Milhares de jovens e adolescentes de classe baixa são sua base de apoio online, em busca de dinheiro fácil no mercado de trabalho que derrete. O entregador de moto está entre as melhores alternativas profissionais. 3 – Mistura games com promessa de dinheiro fácil para 112 mil jovens no aplicativo Discord, onde promove sua marca (seu nome), criando contas. Eles recebem vídeos do ‘criador’ para cortar (editar) trechos de quinze a quarenta e cinco segundos. Quem tiver mais visualizações é premiado em dinheiro, o que pode render até R$ 1 mil mensal a essa garotada sem nenhuma ideologia. 4 – Investe cerca de R$ 7 milhões na massa de trabalhadores precarizados, muitos menores de idade, o que lhe trouxe, por exemplo, o recorde de arrecadação de R$ 100 milhões com a venda de cursos em 9 semanas, sobre como ganhar dinheiro, ser um vencedor e manter-se focado. E pratica o que vende. Nada das campanhas de ódio e desinformação da máquina bolsonarista. 5 – A fórmula se repete nas eleições com um exército de mais de 100 mil garotos, que só querem participar da abundância financeira projetada pelo líder. Sentimento semelhante ao das igrejas evangélicas cheias de vigaristas. Dois detalhes importantes:  Seu sócio nos cursos, Renato Cariani, é investigado por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Boçal foi condenado em 2010 a quatro anos por furto qualificado. Segundo o jornalista Lauro Jardim, seu projeto não se limita à prefeitura de São Paulo. Ele, que já concorreu ao cargo em 2022 por seu partido, o inexpressivo PRTB – fundado por Levy Fidelix – e teve a candidatura suspensa pelo TSE por suspeita de crimes eleitorais, quer mesmo é ser presidente do Brasil. Vejam bem o nível de risco que passamos a correr nesses novos tempos de faroeste digital e eleitoral!    A ministra Cármen Lúcia, por sinal, destravou a ação movida pela viúva de Fidelix, onde alega desrespeito a um acordo pelo presidente nacional do partido, Leonardo Avalanche, o que pode implodir a candidatura do Boçal.