Precaução ou cumplicidade?

 

De nada vai adiantar a PF botar lenha nas investigações da participação do inelegível nos atos golpistas – o inquérito com maior potencial de conduzi-lo à prisão. Conforme o Globo, a PGR só apresentará alguma conclusão após as eleições.

Interlocutores de Paulo Gonet acreditam que ele não tomaria decisões de forte impacto político durante o agitado período eleitoral. Eles avaliam que o PGR se pauta pela cautela antes de se decidir. Sorte do capitão, que terá mais tempo para acelerar as articulações que possam levá-lo a uma anistia.

A qual já circula à boca pequena...

Ou seja, já não temos um Augusto Aras, que embarreirou qualquer reação jurídica ao claro golpismo do ex-presidente. No entanto, seu sucessor é uma vítima do excesso de zelo, tão conveniente a quem já poderia estar à beira da forca.

Como se sabe, em julho a PF indiciou o capitão e outros 11 no inquérito das joias. Do qual o ex-presidente recorreu, por conta do Rolex que a AGU considerou pertencer a Lula – que, além de ter devolvido a peça, tem um contexto totalmente diferente dos colares cravejados de diamantes que o inelegível tentou vender para bancar sua estadia nos EUA.

Vários juristas já se manifestaram sobre a diferença gritante entre os dois casos, porém, é claro que o capitão vai correr atrás de faturar o episódio.

 As investigações identificaram que auxiliares – inclusive o general pai do ex-faz tudo Mauro Cid – ajudaram o capitão a se desfazer de relógios Rolex e Patek Phillipe para a empresa Precision Watches, por US$ 68 mil, ou R$ 346.983,60.

O relatório da PF seguiu para o ministro Alexandre de Moraes, no STF, que o enviou à PGR no início deste mês. Agora cabe a ela avaliar se apresenta denúncia contra os envolvidos em prazo de até duas semanas. Gonet, pelo visto, não tem nenhuma pressa.

Também está sobre sua mesa o indiciamento do capitão por suposta fraude nos cartões de vacina. Até agora sem nenhuma consequência concreta.  Ele apenas recomendou novas investigações para esclarecer se os acusados realmente fizeram uso dos certificados falsos.

Se o capitão for denunciado pela PGR, a Justiça decide se ele vira réu, ou não. Será um caso de Justiça que tarda, e falha? Pelo visto, falta coragem às instâncias superiores para conduzir o inelegível para onde ele deveria ir: a cadeia.