A volta do café com leite

 

Sabemos que mesmo os políticos que não têm o hábito de disseminar fake news também mentem. Sem corar. É o que acredita o editor de política do Globo, Thiago Prado. Isso porque ele ouviu do presidente do Novo, Eduardo Ribeiro, que há uma articulação pela chapa Tarcísio-Zema para 2026.

O que ainda falta é convencer o bolsonarismo do poder de uma chapa café com leite, resgatando a fórmula da República Velha (1898-1930), quebrada quando o gaúcho Getúlio Vargas assumiu a presidência do país. 

Para quem não se lembra, as chapas daquela época representavam o café dos paulistas e o leite dos mineiros. (No caso, seria um paulista falsificado, porque ele é carioca...)

Ribeiro lembrou que em Minas Lula venceu por apenas 40.650 eleitores. "Fazer a virada em Minas com o apoio de Zema é garantir a vitória da direita", sustenta o presidente do Novo, respaldado pela desorganização da esquerda no país. 

Um exemplo seria o que ele chama de “falta de apetite” de Rodrigo Pacheco em disputar o governo mineiro como candidato de Lula. Até porque ele foi eleito como senador anti-Dilma, uma óbvia contradição, portanto.

Enquanto isso, a criatura do Inelegível descola-se de seu criador, ao farejar o que pode representar o poder de destruição de Lamarçal, se este chegar à prefeitura de São Paulo. É o degrau para o ex-coach virar presidenciável.

Em meio à crescente febre Lamarçal, o capitão vacilou e orientou seu ex-ministro a também sair fora da disputa. Foi quando Tarcísio se decidiu pelo apoio a Ricardo Nunes, ainda fragilizado nas pesquisas, desobedecendo o criador.

Como defende a colunista Vera Magalhães, o governador de São Paulo optou por agir rápido em relação ao crescente risco iminente – tanto para si quanto para o país -, enquanto a esquerda manteve um silêncio obsequioso sobre aquele que aposta no caos. Por quê?

Pelo visto, Tarcísio acertou em cheio. A pesquisa da Quaest divulgada ontem – depois da cadeirada – cravou 24% para Nunes; 23% para Guilherme Boulos e 20% para Lamarçal. O prefeito já começa a se recuperar... 

Claro que esses números ainda podem se mover até o 5 de outubro, data do Primeiro Turno. Aparentemente, contudo, Tarcísio Freitas acerta os passos rumo a seu futuro para 2026, embora continue mentindo que seu objetivo seria a reeleição ao governo de São Paulo.