O orçamento secreto de Moro

 

Reproduzo aqui trechos da bombástica entrevista do juiz Eduardo Appio ao jornalista Leandro Demori na TV Brasil:

“Navegando sozinho por instrumentos, já que os servidores da 13ª Vara de Curitiba sempre foram hostis e ainda muito leais a Moro e Dallagnol, consegui retirar o sigilo dos processos mais importantes, como o da conta bancária que acumulou R$ 5 bilhões de dinheiro da União.

Era uma conta secreta, sigilo de Moro imposto desde 2016, com desde as multas pagas por partes, aos US$ 100 milhões devolvidos pelo Pedro Barusco (ex-Gerente Executivo de Engenharia da Petrobras) e os valores dos acordos de leniência, que de fato engordaram a conta, o que chamam de "Orçamento Secreto do Moro".

Essa montanha de dinheiro estava parada, gerida por Moro e Gabriela Hardt, quando eles tinham o dever legal de enviá-lo aos cofres da União logo que os processos terminassem.

Foi exatamente o oposto. Durante o trâmite desses processos eles liberaram paulatinamente valores bilionários à Petrobras, que consideravam a vítima do processo. E a Petrobras, por sua vez, enviou o dinheiro ao Departamento de Justiça dos EUA. Este, firmou um termo de cooperação com Dallagnol e os procuradores da Lava Jato, dizendo que 90% desse valor - cerca de R$ 2,5 bilhões, à época - seriam destinados à Força Tarefa do MP do Paraná, que nem CNJ tem.     

Com esses valores eles planejavam criar uma fundação privada, gerida por eles próprios ou por pessoas da sua confiança, não sujeita ao controle do TCU. O dinheiro da União foi liberado de forma indevida, segundo apurou o CNJ, porque a lei diz que antes de terminar o processo não se pode liberar valores para uma das partes.

Hoje inúmeros advogados dizem que reverteram o resultado do processo e querem o dinheiro de volta. Quando vão buscá-lo na vara, escutam, porém, que os valores foram destinados por Moro e Gabriela à Petrobras. Não tem mais volta.

É o sistema clássico de lavagem de dinheiro. Você se utiliza de interposta pessoa para tentar tornar esse valor irrastreável.

Para escapar da lei, eles pressionaram a Petrobras para num primeiro momento colaborar com a Força Tarefa. Num segundo momento, quando eles começaram a colaborar, se estabeleceu um termo de compromisso entre a Petrobras e o Departamento de Justiça dos EUA. Então houve uma triangulação nesse meio do caminho, graças aos diálogos da Vaza Jato heroicamente revelados.

Os procuradores recebiam advogados em Curitiba e aqueles que deveriam fazer a compliance da Petrobras acabavam repassando informações importantes aos norte-americanos. Houve então um sistema clássico de lavagem de dinheiro, que iria para os EUA e voltaria direto à Fundação.

E desde o início, em 2015, eles já faziam essa prática no primeiro acordo de leniência firmado entre a Camargo Correa e os procuradores da Lava Jato, tornado sigiloso até a minha chegada. Pelo acordo, os R$ 750 milhões a serem pagos para a Camargo Correa seriam diretamente destinados à Força Tarefa de Curitiba, sem triangulação.

Quando veio o grosso do dinheiro, em 2016, devem ter imaginado uma forma de evitar a fiscalização do TCU. E tudo isso não sou eu quem diz, está no relatório do ministro Luiz Felipe Salomão, o herói dessa história, com investigação do delegado da PF, Hélio Silva, que deixou clara a triangulação.

Após um ano de investigação, conclusões do relatório final: Existência de indícios de corrupção e de tentativa de peculato – roubo do dinheiro público – para fins privados.

O plano só não deu certo graças à liminar do ministro Alexandre de Moraes, que cortou o trânsito do dinheiro dos EUA para as contas dessa fundação privada em Curitiba.”

Canalhas, destruíram vidas e empresas por um projeto de poder e enriquecimento próprios e ainda posaram de heróis!