Vítimas ou algozes?

 

O último fim de semana foi rico em cenas de violência contra candidatos, aqui e nos EUA. Assim como fez o militante do MBL que atacou a mãe do deputado Glauber Braga – morta um mês após o episódio -, Datena, adversário do PSDB, deu uma cadeirada em Pablo Lamaçal após ser chamado de estuprador pelo ex-coach em debate eleitoral na TV Cultura.

Ambos movidos por motivos bem diversos, contudo.

Já nos EUA, Donald Trump enfrentou uma segunda tentativa de atentado contra ele no domingo por Ryan Wesley Routh, 58 anos, descrito como construtor autônomo de residências no Havaí, com farto histórico de detenções.

Routh tentou entrar armado com um fuzil AK-47 no clube de golf onde estava Trump. Foi detido, porém, antes que chegasse às vias de fato.

Já Lamaçal fez um estardalhaço nas redes com sua transferência para um hospital. Acabou recebendo alta ontem, com um diagnóstico médico aquém das expectativas da 'vítima': "Traumatismo na região do tórax à direita e um punho direito, sem maiores complicações associadas". E já começou a engordar seu cofrinho de seguidores.

Claro que o ex-presidente dos EUA não perderá a oportunidade para se fazer de mártir – embora nada tenha ocorrido com ele -, assim como Lamaçal. Só que o resultado desse tipo de pressão não é líquido e certo.

No caso de Lamaçal, por ele estar estagnado em sua meteórica ascensão, embora marque pontos contra sua rejeição. E de Trump, porque os norte-americanos parecem um pouco mais escolados em relação às maracutaias do experto candidato.

Hoje a Quaest publica uma pesquisa sobre os efeitos da agressão em Lamaçal nos eleitores. Como já disse, o caso remete a Glauber Braga, e também à facada sofrida pelo Inelegível às vésperas do pleito de 2022. 

Só que, ao contrário do que se imaginava, a vitimização do capitão não lhe trouxe tantos votos assim.

Quanto a Trump, logo após o primeiro atentado que sofreu,  em 13 de julho durante comício na Pensilvânia, sua onipresença no noticiário foi logo substituída pelo anúncio de desistência de Joe Biden para concorrer ao pleito de novembro, e sua substituição por Kamala Harris.

De minha parte, torço para que nenhum dos dois saia turbinado pelos nefastos episódios.