O vale tudo pela anistia

 

Desde que denunciou o orçamento secreto, o Estado de S.Paulo tem surpreendido pelas posições progressistas que tem adotado. No último sábado, saíram de suas páginas um inimaginável ataque a Bolsonaro, editorial com o que de melhor pode produzir uma imprensa combativa.

O jornalão destaca que em meio à crise mundial provocada pelas tresloucadas tarifas de Trump – por sinal, ídolo do ex-presidente – o Inelegível não faz outra coisa senão clamar por anistia “ampla, geral e irrestrita”.

Não deixa, porém, de ser uma sinalização da Faria Lima...

Ele chegou até a minimizar a importância de uma eventual revisão da dosimetria pelo STF. Ou seja, danem-se os infelizes condenados a penas colossais sob sua inspiração, só o que lhe interessa é livrar a própria pele.

“Enquanto o mundo derrete em meio à escabrosa confusão criada por Trump, o ex-presidente mobiliza forças políticas para encontrar meios de driblar a lei e a Constituição e livrar da cadeia os que conspiraram para destruir a democracia depois das eleições de 2022”, denuncia o Estadão.

Para o jornal, é claro que o tema da “anistia” não deveria  sequer ser discutido por gente séria frente às atuais turbulências globais. Aponta os reais problemas que deveriam mover a população, como “a inflação, a violência, a saúde pública, os desafios educacionais, os caminhos para assegurar desenvolvimento em bases sustentáveis ou os efeitos das mudanças climáticas sobre a vida nas florestas e nas cidades.”

Apesar de sua inelegibilidade, lembra ainda o jornal, Bolsonaro continua a se exibir como candidato à Presidência, “convocando os potenciais herdeiros políticos a se tornarem cúmplices de seus ataques à democracia.”

E cita nominalmente Tarcísio de Freitas, que largou mão de sua atarefada agenda como governador de São Paulo para  "ligar pessoalmente a todos os deputados do seu partido para convencê-los a assinar o requerimento de urgência para o projeto de anistia, como se isso fosse de fato relevante.”

E até convocou o presidente da Câmara, Hugo Motta, para cooptá-lo para sua guerra particular. (Ontem, por sinal, o PL apresentou o pedido de urgência - ganha uma viagem à Disney quem disser que urgência é essa - à anistia na Câmara, assinado por 263 deputados, 146 da base do governo).

“Se Bolsonaro for condenado e preso, e se os golpistas forem todos punidos, rigorosamente nada vai mudar no País”, propõe o Estado de S.Paulo. “Está na hora de deixar a Justiça cuidar de Bolsonaro e seguir adiante. O Brasil tem mais o que fazer”.

Enquanto isso, o ex-presidente exercita seu melhor teatro: a cara de vítima na cama de um hospital (foto), como se a culpa de seu sofrimento também se devesse a Alexandre de Moraes. (Alguém viu alguma imagem de Lula no hospital quando foi drenar o hematoma em sua cabeça?)

Se manca, Bolsonaro! Baixa a bola, sua hora está chegando, não vai ter como escapar! Quem mandou?