Guerra para minar o governo

Cansativo continuar a bater nessa tecla, porém, fica pior a cada dia. Em algum momento chegamos a ter a ilusão de que Hugo Motta seria menos ruim do que Arthur Lira. O páreo continua duríssimo, porém, porque Motta perdeu a vergonha de defender os interesses dos privilegiados.

Sabemos que o ovo da serpente se chama orçamento secreto, as milionárias emendas que passaram a alimentar os interesses de parlamentares reacionários como há muito não se via. Agora eles fazem birra e não se cansam de desferir golpes baixos, tanto no governo quanto na população.

Esse ano Motta e Davi Alcolumbre tiveram oportunidades de se aproximar de Lula e dos anseios do governo em comitivas ao exterior. Fingiram parceria para depois desfechar os mais traiçoeiros golpes mortais.

A recente reação ao veto de Lula a jabutis que aumentará a conta de luz em 9%, favorecendo empresários amiguinhos em detrimento da população que os elegeu, tem um requinte extra de maldade: quando vier o aumento, a povo vai atribuí-lo ao governo. Mais maquiavélico, impossível.

E agora o ataque ao aumento do IOF – que atingiria exclusivamente os mais ricos – em nome de uma austeridade fiscal que eles são os primeiros a violar, com o desnecessário aumento na Câmara de 18 parlamentares que custarão R$ 64, 6 milhões/ano aos cofres públicos.

Tudo feito a toque de caixa para evitar qualquer reação do governo (que já pensa em judicializar a questão). Traíras. Tanto a Câmara quanto o Senado - algo que só aconteceu há 33 anos, com Collor - quando não há nem cadeiras para os ilustres representantes da classe dominante.

E o que está trás de tanta animosidade? Os R$ 50 bilhões do orçamento secreto, arduamente combatido pelo ministro Flávio Dino, do STF, e retido por um Executivo que estaria perdendo sua função precípua: executar o orçamento.

Tudo graças ao acordo entre o general Luiz Eduardo Ramos, então ministro da Secretaria de Governo da Presidência, com Arthur Lira, ex-presidente da Câmara. Porque além de não governar, Bolsonaro se dedicava a planejar seu futuro golpe para se manter no poder. E a injeção de dinheiro evitava que processos de impeachment prosperassem.

Os parlamentares se viciaram no esquema que alimenta suas bases eleitorais e os perpetua em seus cargos. E, já que a tentativa de golpe não deu certo, o que eles querem é sangrar o governo Lula para garantir vitória em 2026. Sobretudo no Senado, para que o Judiciário seja dominado.