Ações da Taurus despencam com tarifaço

Quem não se lembra das arminhas com as mãos e da campanha boçal de Bolsonaro para armar ‘os cidadãos de bem’ (na verdade o exército civil que ele queria para dar o golpe)? Nunca saberemos o quanto ele faturou nessa...O ex-presidente chegou ao absurdo de dizer aos brasileiros para comprarem armas, ao invés de feijão.

Pois agora, por obra e graça do clã e do tarifaço que eles empurraram pela nossa goela, as ações da Taurus, maior representante da indústria bélica brasileira, despencaram 21% na Bolsa. A queda representou perda de R$ 200 milhões em valor de mercado para a companhia, segundo O Globo.  

Isso porque 85% das armas fabricadas pela empresa são exportadas para os EUA. Salesio Nuhs, CEO da indústria gaúcha, já se reuniu em Brasília com o vice-presidente, Geraldo Alckmin, para buscar soluções. Essas, na verdade, ele devia cobrar dos Bolsonaro...

Presidente da Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições (Aniam), Nuhs também tem buscado apoio do governador Eduardo Leite. Em recente entrevista a um site de São Leopoldo, cidade que sedia a empresa, ele desabafou: “É praticamente um embargo comercial, tragédia do ponto de vista diplomático e econômico".

Na época de ouro de Bolsonaro as ações dispararam: saltaram de menos de R$ 4 para mais de R$ 25 no início de 2021. Atualmente, o valor é de cerca de R$ 5,30 e a companhia está avaliada em R$ 790 milhões na Bolsa. Em 2018, o faturamento foi de cerca de R$ 1,2 bilhão (corrigidos pela inflação), já em 2024, beirou R$ 1,7 bilhão, avanço de 40%.

Os EUA adquiriram 1 milhão de unidades de armas da Taurus no ano passado, enquanto brasileiros compraram 71 mil e outros países, 85 mil. A indústria sentiu  o ‘efeito Lula’ (que inverteu a campanha pró armas em de desarmamento) e se queixa de estagnação do mercado nacional desde o início de 2023, quando as regras do setor passaram a mudar.

Para desespero do empresário, o próprio mercado americano já vinha caindo. A filial em Bainbridge, na Georgia (EUA), inaugurada em 2019 com investimentos de US$ 42 milhões, corresponde a apenas 28% da produção. Ameniza a crise, mas não resolve. Para 143 mil revolveres fabricados no Brasil, a fábrica americana produziu 55 mil.

A indústria começa a negociar a possível aquisição da Mertsav, fabricante de armamentos turca, que pode abrir à Tauros o mercado da Arábia Saudita. E esse é apenas um exemplo do que pode nos aguardar com as sanções do ensandecido presidente norte-americano.