A ofensiva da extrema direita

 

Estamos sob o mais violento ataque da extrema-direita, pior até do que foi o 8 de janeiro, com a presidência dos EUA nas mãos do tenebroso Donald Trump. Seus ataques aos imigrantes, às tarifas comerciais e, mais recentemente, a chantagem feita contra o Brasil pela anistia a Bolsonaro são todas peças desse mesmo tabuleiro.

E hoje nos entuba um tarifaço cujas consequências para o país ainda são imprevisíveis, com nefasto potencial destrutivo.

A tese é defendida pelo professor João Cezar Castro Rocha, estudioso das radicais estratégias adotadas por esses extremistas, linhas tortas que chegam até a recente prisão domiciliar do ex-presidente, que necessitam ser decodificadas pelos defensores da democracia. Se assistimos ao caos cognitivo provocado no mundo por Trump, imaginem o que seria a reeleição de Bolsonaro no nosso quintal?

Ainda por cima acompanhado pelos militares?

Arranhei a realidade no meu post de ontem. E quem ajuda a iluminar o cenário é a jornalista Andrea Sadi, cujas conclusões, no site do G1, batem com as de Castro Rocha:

Segundo ela, Bolsonaro estava cavando sua prisão. “Ele tem estratégia, que é escalar a crise com o STF porque está sem saída na Justiça. Buscou um discurso de perseguido político e o entregou como munição a seus apoiadores.” Situação visível por Trump, mesmo acima da linha do Equador.

O plano era antecipar sua prisão antes da provável condenação, que deve vir do processo da trama golpista. “Ele sabe exatamente o que são as medidas cautelares impostas por Moraes, faz parte do show tentar desmoralizar e desgastar o Supremo, dobrar a aposta, porque o STF fica sem saída e tem que cumprir a lei. Então fez tudo de caso pensado, tanto na visão da PF quanto na de ministros do STF.”

Os advogados com quem Sadi tem conversado admitem que o cenário de escalada da crise pudesse antecipar a prisão, resultada da técnica e do pragmatismo da extrema direita: “Eles sabem que a área mais ideológica e radical buscava exatamente esse roteiro, de um discurso político.”

Sobretudo nesse momento em que as investigações sobre a trama golpista, que estão para ser concluídas, envolvem Eduardo Bolsonaro, Paulo Figueiredo (fantasma do avô ditador), e têm no ex-presidente o beneficiado final.  

Nota do governo Trump já ameaça mais retaliações contra o Brasil após a prisão domiciliar. Será que eles não sabem que tudo isso está nos script ou seria papo para despistar? 

Aliás, me preocupou a demissão da jornalista Eliane Catanhêde – na minha avaliação, a melhor comentarista do Em Pauta, e de Daniela Lima, ambas da Globonews. Que rumos estariam tomando as Organizações Globo? Permaneceu o novato Joel Pinheiro, de opiniões mais à direita, felizmente, agora acompanhado do ótimo Otávio Guedes.