Mais tempo para a cura do câncer

 

Os danos provocados por Donald Trump ao planeta não se restringem a tarifaços ou a expulsões de imigrantes acorrentados. Robert F. Kennedy Jr, escolhido a dedo por ele para comandar a Saúde no país, acaba de encerrar 22 contratos para o desenvolvimento de vacinas de RNA mensageiro.

Para quem não lembra, o inovador método – que introduz no organismo um ‘pedacinho’ de determinada doença, a fim de acionar as defesas do sistema imunológico – acelerou a produção de vacinas e o fim da pandemia.

Isso só foi possível porque as pesquisas sobre mRNA ou RNAm já estavam muito avançadas na época da pandemia. O que estava incluído nesse pacote – que vai permitir aos EUA economizar US$ 500 milhões. É mais vantajoso à indústria farmacêutica manter os gastos com os caríssimos tratamentos do que chegar à vacina contra o câncer.

E, quem sabe, desviar essa grana para investimento em armas.

A notícia cai como uma bomba sobre minha vida pessoal, há dois anos sob fortes abalos provocados por um caso – na verdade dois casos, na mesma pessoa – de câncer na família. Mesmo que pareça algo vago, há consenso entre especialistas de que a vacina seria uma ‘mão na roda’ no combate ao mal que já se equipara às doenças cardíacas em causas mortis.

A decisão do negacionista Kennedy JR, ovelha negra da ilustre família, foi confirmada pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS), que integra uma revisão das ações adotadas durante a emergência da pandemia.

O processo envolve o fim ou redimensionamento de projetos sob responsabilidade da Biomedical Advanced Research and Development Authority (BARDA), responsável por aprovar medidas médicas contra emergências na saúde pública. 

A decisão do governo Trump interrompe projetos financiados pela BARDA. Ou seja, a cura do câncer - cuja atual curva é de cerca de 704 mil casos, entre 2023 e 2025, e 20 milhões de novos casos no mundo, no mesmo período, segundo o INCA - ainda pode levar gerações. A minha continuará a ver navios...

Como se não bastasse, essa praga de governo ainda quer interferir em assuntos da nossa soberania. O principal exemplo, como se sabe, é a anistia a Bolsonaro e aos golpistas. Quem sabe para afastar o fantasma que persegue Trump, quando saiu ileso da invasão do Capitólio.  

Lá, com um saldo de cinco mortes.