A metamorfose ambulante

Primeiro o come cru posou com o boné vermelho MAGA (Make America Great Again) e culpou Lula pelo tarifaço. Ao cair em si, constatou que a culpa era de Eduardo Bolsonaro e que os maiores prejudicados pela medida de Donald Trump seriam os paulistas que ele governa, Tarcísio de Freitas voltou atrás. E continua a oscilar conforme a corrente.

Já vestindo a camisa de presidenciável, desancou o STF, defendeu a anistia ampla geral e irrestrita e foi à luta, para mobilizar o Congresso pelo perdão a Bolsonaro (sabemos que o resto não o preocupa). Foi tão enfático que arrancou elogios de Flávio, o 01, e de Eduardo, o 03.

Mais desconfiados do que nunca com o risco cada vez maior de o pai passar seus últimos anos de vida na cadeia, os filhos metralhas voltaram atrás. Até porque Eduardo, aparentemente o mais rebelde da prole – o capitão chegou a mandar emissários aos EUA para convencê-lo a baixar a bola –, insiste em ser candidato à presidência.

Mesmo que não consiga pegar a generosa carona no relator de seu processo de cassação na Câmara – como se sabe, o dublê de deputado e delegado Marcelo Freitas, bolsonarista desde criancinha – Dudu Bananinha mantém a candidatura à presidência, apesar do pai ser contra. E Flávio diz que a chapa da direita só será aprovada pelo clã (uma garantia de 40% dos votos) se tiver um Bolsonaro na parada.

E eis que o ser mutante volta a mudar de opinião. Isso após bajular seu criador na prisão domiciliar na segunda-feira. Agora, Tarcísio garante que concorre à reeleição ao governo de São Paulo em 2026 – mesmo sabendo que até agora é o predileto à presidência da Faria Lima, Os filhos Flávio e Jair Renan, presentes à reunião, suspiraram aliviados.  

Ele chegou a sugerir ao Centrão o nome de Ratinho Junior, governador do Paraná, meio como se a corrida presidencial fosse um toma lá dá cá de uma feira livre.

Mais uma vez, o governador demonstrou de que lado está, ao optar pela visita ao capitão - no dia marcado por Alexandre de Moraes (foto) - à posse de Fachin na presidência do STF.

Só que, esperto como é (ou ao menos pensa ser), a estratégia de Tarcísio é manter a falácia da recandidatura ao governo de São Paulo até dezembro, quando voltará toda a carga ao que realmente lhe interessa: a presidência do Brasil (informação do colunista Lauro Jardim).

Resta saber quem será Tarcísio em dezembro e, sobretudo, em 2026 – qual será a fantasia ele vai vestir na campanha da própria candidatura a presidente?