A guerra continua

 Domingo foi um dia único. De manhã, eu estava no hospital para conhecer meu quinto neto, mais um presente que a vida me dá. Às 14h, já esperava o metrô no Largo do Machado. Anormalmente cheio para um domingo. Será? 

A certeza veio na estação Cantagalo. Massas compactas se espremiam na saída – parecia que o Metrô torcia contra, com as escadas de subida paralisadas e as de descida, vazias, funcionando normalmente – aos gritos e palmas para “Sem anistia”, “Bolsonaro, vai tomar no cu!”.

Alegria que não cabia no peito. Finalmente o gigante acordou! Aplaudi internamente. A euforia continuava do lado de fora e só ficou mais espaçada pela ampla Av. Atlântica. E olha que não era o único acesso, fora os que chegavam a pé. 

Quanto mais perto dos trios elétricos, mais compacta era a massa. Não tem dúvida, agora vai!

Permaneci até a primeira apresentação, com Maria Gadú cantando “Como nossos pais”. Qualquer canção de protesto cabia ali...Apesar de louca para ver Caetano, Gil, Chico, Paulinho da Viola, Ivan Lins e Geraldinho Azevedo fui embora, exausta pelo calor, com muita dificuldade de me deslocar na multidão. No caminho para o Metrô novas hordas chegavam, aos berros, "Sem Anistia"!

Quando sentei para escrever meu post, decepção: 42 mil na Paulista e 41,8 mil no Rio. Dados da USP que nunca contestei. Mas não era possível que toda aquela penca de gente fosse só isso, equivalente aos últimos atos bolsonaristas.

Ontem, era o assunto discutido entre os colegas jornalistas. “Respeito os números uspianos”, “Não, tinha muito mais gente”, confrontavam-se. O fato é que amanhã os senadores vão votar a PEC da Bandidagem. E, antes mesmo das manifestações, já davam a causa como perdida.

Paulinho da Força - após ouvir traíras como Michel Temer e Aécio Neves, que o levaram à “PEC da Dosimetria”-, disse ontem que os atos eram “mais do mesmo” – como assim? Forças progressistas nunca reuniram tanta gente, fora em 33 cidades do Brasil, em Lisboa, Londres e Paris.

A repercussão negativa da PEC da Bandidagem – antes mesmo de domingo - já tinha levado muitos parlamentares a gravar mensagens desdizendo o que disseram antes. Agora a ficha caiu de que os brasileiros não vão engolir sapos.

No mais, o PGR denunciou Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo (foto) de articularem ações nos EUA para ampliar sanções contra o Brasil para livrar Bolsonaro da cadeia, gerando fortes prejuízos à população. Se o STF aceitar a denúncia os dois podem virar réus, com pena que pode chegar a seis anos de prisão, e multa.

Sabemos que a extradição de ambos é impossível no governo Trump. E será que um deputado federal denunciado pode exercer sua função remotamente? Dudu reagiu anunciando novos brasileiros sancionados e a imposição da Lei Magnitsky à mulher de Alexandre de Moraes. 

Mais um constrangimento na abertura hoje, por Lula, da reunião da ONU? A guerra continua, e o Brasil não é com "Z".

Outro ponto do lado de cá: Hugo Motta negou a indicação de Bananinha para líder da minoria na Câmara - abrindo as portas para sua cassação.